A esperança das "Fitas" que o País "Queima"
- Henrique Correia
- 7 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
É preciso que, enquanto povo, enquanto Nação, não deixemos que este País, que é Portugal, que engloba a Madeira num sentido de proximidade, da parte no todo, continue a "Queimar" as "Fitas" de esperança desta juventude.

Hoje é Dia da Mãe e certamente muitas mães têm hoje um orgulho acrescido nos filhos finalistas. Mas a oportunidade apanhou uma finalista com esta mensagem para o pai, que no fundo expressa os pais no todo, com sacrifício e orgulho do tamanho do mundo.

A "Queima das Fitas" é um momento de esperança, expetativa, alegria, reconhecimento, gratidão, amor, família e futuro. Também tristeza, aquela alegre tristeza entre a festa e a nostalgia, entre a despedida e o mundo pela frente, entre o que fazer da vida e aquilo que a vida há-de fazer por cada um. Vale tudo a pena, até aquele sentir, o bom sentir do alegre/triste, que os pais sentem quando pressentem o "corte umbilical" pelo qual deram tudo, a vida se fosse preciso, mas que dói em silêncio face ao "voo" que nunca se perde de vista.
Este fim de semana, por exemplo, as imagens da queima das fitas no Porto são verdadeiramente arrepiantes para todos os que terminam a frequência universitária, têm o estatuto de finalistas e o orgulho sobe tanto quanto os sonhos. Está tudo lá dentro, não é ainda tempo de verem o que vai lá fora, que é preciso ver, que é preciso enfrentar, mas neste momento, para eles, o mundo pára onde, como quando deve parar.
Acontece que enquanto se faz a festa, o País não pula nem avança tanto que permita gerir expetativas dos jovens, garantir que se sintam realizados e compensados pelo esforço de anos de sacrifícios para ter um curso e, mais do que isso, um património de vida", a Educação, a formação, a cana de pesca para que possam "pescar o seu peixe", ter trabalho, ter vida, ter filhos, ter casa, ter futuro.
Infelizmente, este país não está preparado para dar lugar e dimensão aos novos e assenta a estratégia num mercado miserabilista de emprego nivelado por baixo, sem resposta de presente e de futuro. Não cria condições, não cria estabilidade num circuito rotativo de contratos e de pessoas, anos a fio nisto passando por empresas de trabalho temporário, por trabalhos precários que em pouco tempo fazem a "Queima" da esperança. Vivem em quartos ao preço de casas, não podem comprar casa própria porque levariam uma vida a reunir os 10% da entrada, além das prestações impossíveis, o País acha bem que se caminhe para um clima de especulação e contra isso "acena" aos jovens com uma proposta assistencialista como se não trabalhassem o suficiente para a autosuficiencia. Depois, admiram-se do País apoiar a formação dos jovens para que outros países possam aproveitar e reconhecer, mesmo sabendo que o mercado é global e a inovação é o futuro. A valorização também. E há um problema de valorização dos nossos quadros, muitas vezes preteridos, também, pela militância partidária que campeia com maior incidência em sociedades de cunhas e de crise.
É preciso que, enquanto povo, enquanto Nação, não deixemos que este País, que é Portugal, que engloba a Madeira num sentido de proximidade, da parte no todo, continue a "Queimar" as "Fitas" de esperança desta juventude.
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