Nem a responsabilidade de garantir que os representantes de Deus formam uma instituição de confiança?
O Bispo do Funchal disse hoje que "a Igreja não é culpada daquilo que os sacerdotes, individualmente, fizeram. Não faz parte do ministério dos sacerdotes cometer pecados, cada um é responsável por aquilo que praticou", refere uma informação publicada pelo Diário.
D. Nuno Brás não sabe como pode a Igreja compensar as vítimas além de encontrar culpados e pedir perdão, remetendo para um comunicado que a Diocese do Funchal emitiu esta semana, onde a Igreja na Madeira refere ter recebido quatro nomes, um deles nem sabe quem é, o que é estranho, mas é possível.
Pois bem, o senhor Bispo não sabe o que pode fazer a Igreja. A Igreja, representada pela Conferência Episcopal, também parece que não sabe. Nem deve saber ou não quer saber o significado da mensagem do Papa quando diz que não é suficiente a Igreja pedir perdão. É preciso mais. E tem razão, é preciso intervir, abandonar o expediente de mudar de paróquia um padre suspeito de abuso, como aconteceu durante anos em que a Igreja em vez de resolver o problema, mudava o problema de sítio. E deu no que deu.
Não é verdade que a Igreja não possa fazer nada. Pode fazer tudo. Uma escola não tem a responsabilidade sobre o que anda um professor a fazer, mas assim que sabe suspende e afasta-o, garante que atua, atua mesmo e dá segurança e confiança à instituição. Viu, D. Nuno, como é possível a igreja fazer mais? Pergunte aos seus antecessores as razões pelas quais meteram a cabeça na areia face a problemas concretos. E a solução foi ir mudando de paróquia como se os problemas fossem menos problemas debaixo dos tapetes.
A Igreja deve fazer mais, muito mais. Não é dinheiro, é simplesmente apresentando uma instituição confiável, onde os pais não tenham receio de deixar os seus filhos sem riscos. A Igreja tem um valor acrescido, também uma responsabilidade acrescida que não pode "sacudir a água do capote" dizendo que o problema e dos padres e não da Igreja. E quem representa Deus na terra? Não são os padres?
A Diocese do Funchal emitiu um comunicado
como conclusão dos trabalhos da “Comissão Independente” que entregouao Bispo do Funchal 4 nomes resultantes das denúncias recebidas por parte de eventuais vítimas de abusos sexuais no âmbito da Igreja.
"Apesar de nenhum daqueles nomes exercer atualmente qualquer ofício eclesiástico na diocese (um deles é mesmo desconhecido), a Diocese do Funchal não deixará de tomar a sério esta indicação e de procurar eventuais procedimentos canónicos e civis se aplicáveis no respetivo caso concreto.
A Diocese do Funchal faz seu todo o comunicado da CEP resultante da assembleia plenária de hoje.
A Diocese do Funchal pede perdão se em algum caso não foi capaz de proteger as vítimas e ao mesmo tempo reitera o seu empenho para que qualquer futura denúncia venha a conhecer o respetivo procedimento canónico e civil expressamente consignado para a proteção das vítimas.
A Comissão Diocesana de Proteção das Crianças, Jovens e Adultos Vulneráveis da Diocese do Funchal continuará a exercer o seu trabalho de prevenção, de acolhimento e de acompanhamento, bem como de colaboração com os organismos eclesiais e civis".
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