O PSD-M precisa de "arrumar a casa". Mas não se "arruma a casa" desarrumando. Dizer que o adversário está lá fora e depois fazer como se ele estivesse lá dentro...

Já não é possível evitar uma exposição pública das divergências internas no PSD Madeira. Hoje, no âmbito da política madeirense, vive-se um contexto inédito de termos como principal foco de conflito e de instabilidade, não entre o partido do Governo e a oposição, parte dela ou toda, mas muito mais dentro do próprio PSD-M, com um crescendo de trocas de palavras entre militantes como se o partido estivesse em condições de dispensar apoios numa altura em que pede um reforço de votação.
O PSD e o Governo, neste particular da gestão político partidária, atravessa um período de desnorte sem ter em conta qualquer estratégia, sem uma gestão de conflitos equilibrada por se tratar de um universo que é do PSD-M, não é de outro partido, mas que no cômputo geral tem levado a posições e declarações completamente dissonantes daquela que deveria ser a postura da liderança face à crítica interna. Dizer que o adversário está lá fora e depois fazer como se ele estivesse lá dentro, através de atitudes e palavras de outros, é uma atitude pouco prudente para o momento, mas sobretudo para o futuro se o objetivo não for a "terra queimada" por intransigências que vão além do interesse comunitário interno.
As recentes declarações do secretário regional da Saúde, que tem registado episódios envolvendo alguma polémica, no sentido de acusar o líder do núcleo da Madeira da Liga Contra o Cancro, Ricardo Sousa, de fazer política com a saúde ao afirmar que as prioridades estão invertidas e não é concebível que haja falta de medicamentos para doentes oncológicos, são preocupantes, acrescidamente preocupantes. E cabe questionar: se Ricardo Sousa, que é do PSD, não fosse apoiante de Manuel António Correia, teria o mesmo tratamento? E a ação governativa passa a mensagem de exonerações e de respostas para militantes do próprio partido que suporta o Governo, mas que são considerados à margem por apoiarem um outro militante para a liderança? As eleições internas fragilizam o partido, no entendimento de Albuquerque. E estas respostas de secretários não fragilizam? Um militante, com a responsabilidade de liderar uma associação desta relevância, é visto como um adversário quando alerta para uma realidade efetiva, existente, que até pode estar resolvida agora, mas não estava e é uma anomalia preocupante e que deve ser do domínio público sem deitar para debaixo do tapete. Cabe ao poder político dar resposta, resolver, sem recados, que devem ficar na esfera dos partidos e não na esfera governamental, que deve estar acima dessas realidades para outros protagonistas.
O PSD-M precisa de "arrumar a casa". Mas não se "arruma a casa" desarrumando. E Albuquerque deveria ser o primeiro interessado nessa pacificação. Pelo menos para não agravar. Caso contrário, se ficar tudo igual e não descolar para o que quer, reforço de votação, é capaz de vir a ser preciso, como na altura aqui referimos, "retomar" o projeto que chegou a ser colocado em cima da mesa, no final de 2024, com o conhecimento de Lisboa, onde Jorge Carvalho foi acertado como solução transitória até o atual líder recuar depois de uma primeiro impulso de saída "trabalhada".
Assim se vê como vai o PSD...
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