A missão (im)possível no PSD-M
- Henrique Correia
- 26 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Se não mudar nada, se não houver entendimentos, o mais provável é haver eleições e ficar tudo na mesma.

Miguel Albuquerque não quer sair. Nem vai sair por sua iniciativa. E percebe-se, conhecendo o PSD-M e a Região, que a estratégia de ir a eleições é a que melhor serve ao atual líder do partido. No partido, tem a máquina ao serviço, como de resto aconteceu anos a fio com Jardim, tem os órgãos "armadilhados", pelos cargos, dentro e fora, para não falar dos benefícios "adjacentes" e dos estatutos coniventes. Na Região, tem um crédito ainda reservado, parte dele de eleitores que votariam em Albuquerque mesmo que este fosse condenado e, por hipótese, não possível claro, se pudesse candidatar. Tem eleitorado fixo, daquele que os quase 50 anos de poder permitiram "congelar" para servir sempre que há eleições. E Albuquerque sabe disso. Vai perdendo votos pelo caminho, mas até perder os "congelados" e até que a oposição se organize como deve ser, vai dando para ter PSD por uns tempos, embora cada vez mais relativo, e é isto que está a preocupar alguns sectores do partido.
Portanto, estamos conversados quanto à saída voluntária de Albuquerque. Esqueçam, quanto mais a contestação "floresce", mais Albuquerque cresce na resistência. É um político assim mesmo, além de uma teimosia militante. Vai dar trabalho para o tirar dali. E não é por acaso que Jardim veio avançar com um "golpe" interno como solução para encontrar o futuro líder, numa escolha que diz dever ser consensual, mas ao mesmo tempo vinda de escolhas de Albuquerque, o que desde logo deixa o consenso por terra. Quase metade do partido, que votou em Manuel António vai fazer consenso para quê se tem um candidato? Uma ideia peregrina, mas que segundo Jardim está a ser congeminada até no núcleo mais próximo de Albuquerque. Na prática, não é funcional, embora se perceba a dificuldade de afastar Albuquerque em eleições.
O PSD-M está claramente dividido, já não há como esconder. E a unanimidade que Albuquerque fala tem a ver com a sua equipa e os seus órgãos. Naturalmente, ali, há unanimidade, caso contrário quebra a confiança e acontece o mesmo que aconteceu com os apoiantes de Manuel Antonio, que perderam os cargos na Administração Pública e foram tratados pior do que a oposição.
Será interessante seguir a Política madeirense. Até ao Natal decide-se muita coisa e o Governo pode passar a "Festa" em gestão e com uma incerteza relativamente ao futuro. Se não mudar nada, se não houver entendimentos, o mais provável é haver eleições e ficar tudo na mesma, o que pode arrastar a Madeira para uma indefinição em termos de futuro.
Para Albuquerque, a divisão, interna e externa, é vivida como o vento a favor...
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