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A Pobreza é de quanto?

Foto do escritor: Henrique CorreiaHenrique Correia



Paula Margarido, deputada do PSD, quer "desconstruir as estatísticas" e faz um retrato polémico: "Qual é a miséria que há aqui? Tá bem! Temos pobres nas ruas, mendigos, sem dúvida alguma. Mas é miséria de cabeça.”




Paula Margarido, deputada do PSD na Assembleia da República numa escolha direta e estratégica de Miguel Albuquerque, também pelas ligações à Igreja Católica na Região, veio a público fazer afirmações que abalaram os meios políticos, os meios sociais, os meios económicos e sobretudo os pobres, os materiais e até os de espírito, para dizer a verdade o fundo o povo todo. Um raro momento de unanimidade na política madeirense, tirando as estruturas dos partidos.

A deputada na República disse que "a pobreza na Madeira é uma consequência do álcool e das drogas". Assim, limpinho para quem quisesse perceber. "Qual é a miséria que há aqui? Tá bem! Temos pobres nas ruas, mendigos, sem dúvida alguma. Mas é miséria de cabeça.” Nem salvaguardou as contas de cabeça, foi logo a miséria de cabeça. Talvez a deputada esteja convencida, está no seu direito, que ninguém, na Madeira, faz contas de cabeça, o que para informação da advogada, caso interesse, nem é verdade, até que as contas de cabeça quase nunca correspondem às contas de bolso, para prejuízo destas.

A dra. Paula Margarido teve uma ideia e decidiu manifestar-se, exprimiu-se como entendeu, mas talvez tivesse sido infeliz na forma e no conteúdo. Talvez, não. Foi infeliz, imprudente e pouco verdadeira na análise. Primeiro, diz que há uns mendigos, pobres com dependência do álcool e das drogas. Depois, quando confrontada com estatísticas da Caritas (uma organização da Igreja próxima da deputada) revelando aumento da pobreza na classe média, pessoas que têm emprego mas o salário não chega, reage dizendo que há muito consumo, as pessoas da classe média consomem e depois ficam pobres. Um verdadeiro assomo da análise de quem se propõe "desconstruir" as estatísticas que colocam a Região entre as mais pobres.

Paula Margarido é livre de fazer as suas análises, de discordar dos critérios das estatísticas, que porventura prejudicam os dados regionais, mascpode fazê-lo na mesma sem ir tão longe na defesa do indefensável e dar uma ideia que os pobres são os mendigos e os outros que se dizem pobres são despesistas, não fazem contas. Isto é delírio argumentativo de uma avaliação primária e sobretudo num enquadramento político partidário de encobrir o "sol com uma peneira".

A Madeira tem pessoas mendigas, tem droga, tem consumidores, tem mendigos, tem gente que não quer trabalhar, tem gente que recebe subsídios e consome o que não pode. É verdade. Mas tem muita gente honesta, que não consome drogas, não bebe álcool, trabalha de manhã à noite e o que ganha não dá para viver com dignidade. E ainda tem que viver longe se não quiser viver na rua pelos preços das casas. Dessa gente, muitos pagam as contas


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