Mas é coisa para o PSD andar com "o coração nas mãos" com este CHEGA que põe " as mãos no coração" a jurar que agora é diferente. Mas, também, da forma como as coisas andam, o PSD "está por tudo"
Imagem RTP-M.
Uma coisa é mudar de opinião sobre um determinado assunto em função de dados novos que retiram ou acertam fundamento à posição defendida anteriormente, originando legitimamente uma alteração estratégica que pode ser alvo de crítica por parte dos adversários, mas tem uma explicação lógica e coerente, outra coisa bem diferente é fazer o papel daquilo a que o povo chama de "troca-tintas", que é no fundo o que está a acontecer com o CHEGA Madeira, onde Miguel Castro consegue até superar, nesse aspeto, o seu líder nacional. E não é fácil.
Parece que o CHEGA não sabe muito bem para onde vai e ao que vem e vai acertando declarações, ora num determinado sentido, ora no sentido contrário, ora colocando condições, hora acrescentando outras, uma verdadeira "montanha russa" de emoções e desvios de ações.
Na verdade, nada teria de anormal se, desde início do processo de viabilização do Governo Regional, o CHEGA tivesse demonstrado abertura para negociar com o PSD na base da inclusão de propostas no futuro programa de Governo, no fundo se sempre tivesse dito o que disse agora, que é contra Albuquerque a líder do Governo, mas admite negociar propostas numa visão de que não estaria em causa a pessoa, mas sim as medidas. E seria normal, até, que negociasse com o PSD e não com o PS. Nesta base de argumentação, que até poderia ser discutível, mas era esta, sempre esta, sem estas alterações que põem em causa a seriedade dos autores e a credibilidade dos seus processos. Mas não foi isso que fez, o CHEGA e o seu líder regional andam sem rumo certo e não é de estranhar que se coloque em debate a sua capacidade de fazer cumprir seja que compromisso for.
Em primeiro lugar, o CHEGA foi ao Representante garantir que não ia bloquear o Programa de Governo. Quando a intenção é não bloquear, significa que se pode deixar passar pelo menos por via da abstenção. Miguel Castro negou que tenha dado essas garantias, mas deu. Faltou à verdade, viu-se encostado à parede por André Ventura, que fez uma declaração pública apontando no sentido do voto contra o Programa. E Miguel Castro não teve a coragem de explicar o que disse verdadeiramente ao Representante para que esta tenha ficado com a ideia de viabilização do documento.
Em nenhum momento, o CHEGA condicionou o seu voto a medidas no Programa, nem que fosse aquela "medida" genérica "contra a corrupção". Em nenhum momento, o CHEGA condicionou o seu voto a reuniões ou negociações. O CHEGA sempre disse "com Albuquerque, não". E logo aqui cortava qualquer diálogo, como de resto aconteceu quando o Governo retirou o Programa para reavaliação. Mas mais uma vez, o CHEGA mudou de posição, não foi o Governo como diz o CHEGA, foi ele próprio, que não anda a fazer outra coisa desde há algum tempo. O Governo está instável, mas o CHEGA também. E é preciso que alguém explique isso ao próprio CHEGA.
Ontem, depois da reunião conjunta, que vai dar lugar a reuniões parcelares, Miguel Castro admitiu a possibilidade de acordo com o PSD, mesmo com Miguel Albuquerque. Não quer Albuquerque a mandar, mas quer as suas medidas mandadas por Albuquerque. Fica assim meio para o complicado perceber, mas é assim que o CHEGA se explica para mais este novo cenário. É uma porta aberta que o PSD só não aproveita se não quiser. Ou só se não perceber qual a proposta ou propostas concretas do CHEGA. Se é para viabilizar, não se perca mais tempo com "jogos", que seja agora.
Mas é coisa para o PSD andar com "o coração nas mãos" com este CHEGA que põe " as mãos no coração" a jurar que agora é diferente. Mas, também, da forma como as coisas andam, o PSD "está por tudo".
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