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Foto do escritorHenrique Correia

Afinal precisamos de mais polícias e de câmaras de vigilância




A segurança está acima dos partidos. E os partidos devem assumir a responsabilidade acima da militância. A credibiludade dos políticos passa muito por aí. Não sei se eles, políticos, já viram isso...





A questão da segurança do Funchal tem sido abordada com um misto de realismo e ficção. O realismo do que vê e sente o cidadão comum, também os outros cidadãos menos comuns, e a ficção daquela que tem sido a atitude do politicamente correto para evitar alarmismos de um destino turístico camuflando as situações preocupantes com discursos que apontam para uma segurança que todos já se aperceberam que não existe na forma do que é exigível pelas alterações operadas na cidade com as mudanças do turismo e do tráfico de droga que em parte também tem a ver com esse novo quadro turístico de diversidade de nichos de mercado e de idades.

Tanto o Governo como a Câmara do Funchal têm andado nessa fronteira do realismo/ficção. Por razões óbvias de proteção do destino e de preservação do relacionamento institucional com as forças de segurança. Percebe-se a razão que leva Miguel Albuquerque a garantir segurança plena, como se percebe a razão de Pedro Calado a ter uma espécie de comportamento bipolar, que tanto enaltece os níveis de segurança da cidade, como constatata essa insegurança quando anda pelas ruas da sua cidade e, ao mesmo tempo, pede mais polícias e abre concurso para 81 câmaras de vigilância. O Funchal é seguro mas é preciso dar mais segurança com mais policiamento de proximidade e vigilância das ruas que ficam desertas assim que anoitece. Ou seja, há um problema que é preciso resolver, mas para resolver não é preciso alarmar. Mas a realidade é que há um problema e Pedro Calado sabe disso muito bem e por isso pede mais polícia. Ninguém pede mais polícia se houver polícia suficiente para a segurança da cidade. E se não tem polícia suficiente para garantir a segurança desta cidade, hoje, então o Funchal não tem a segurança que devia ter. Não é uma sensação dos cidadãos, que há muito já viram o que os estudos constatam agora.

O cidadão comum já viu que o problema dos sem abrigo já foi ultrapassado pelo tráfico e consumo livre de drogas. São pessoas que deambulam pelo Funchal, misturam-se com os sem abrigo, mas não são sem-abrigo e todos os dias há caras novas, foi um aumento significativo no espaço de um ano. Aquilo que concluiu a Equipa Multidisciplinar de Coordenação, Intervenção, Monitorização e Avaliação da Estratégia Municipal para a Pessoa em Situação de Sem-Abrigo do Funchal não é novo para quem anda pelo Funchal: entre 100 ou 120 pessoas que estão na rua, 90% não tem a ver com dificuldades económicas. São consumidores, com a agravante de que muitas das substâncias nem estarem ainda na lista de substâncias ilegais.

Entre 100 a 120? Não há engano nas contas? Esse número já tinha sido avançado aquando do levantamento dos sem abrigo e antes deste "boom". Portanto, a realidade poderá ser um pouco, ou até muito, diferente desta. E não é por acaso que Pedro Calado reconhece isto: "A criminalidade e o uso de determinadas substâncias psicoativas têm crescido".

A par de tudo isto, há uma outra questão que é mais política e que se prende com a Polícia Municipal, que é funcional em muitos concelhos do País e que talvez fosse útil para o Funchal num contexto presuasivo sabendo-se as funções e os poderes que são atribuídos. Mas porque é que não vem a Polícia Municipal? Por duas razões, uma de ordem financeira porque seria um encargo para a Autarquia e Pedro Calado prefere que haja resposta e pagamento das forças policiais já existentes na Região, por parte do Ministério. A outra razão é política, atendendo a que a Polícia Municipal nunca terá utilidade reconhecida por ter sido proposta pela oposição no Funchal.

Estamos, assim, num enquadramento complexo de avaliar a segurança por dois prismas quando a mesma deveria merecer uma intervenção de consenso político partidário, uma espécie de operação integrada ao serviço da segurança dos funchalenses e dos que nos visitam, também dos que aqui investem no luxo da habitação. A segurança está acima dos partidos. E os partidos devem assumir a responsabilidade acima da militância. A credibiludade dos políticos passa muito por aí. Não sei se eles, políticos, já viram isso...


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