top of page
Buscar

Albuquerque "anda" com o CHEGA mas não quer ser visto na "rua"

Foto do escritor: Henrique CorreiaHenrique Correia



É mportante fazer uma reflexão sobre este relacionamento "invisível" do PSD com o CHEGA. Não é muito diferente daquele que existe entre o CHEGA e o eleitorado.




A Política da Madeira desceu muito de qualidade. Não é uma degradação de agora, tem sido progressiva. E no meio de uma certa mediocridade, quem tem jeito até fica sem jeito para andar nisto. Agravou-se com a perda da maioria absoluta do PSD e com a perda de oportunidade, do PS, em se assumir, sem ser à "rasquinga", como o partido que lidera a oposição. Desde então, desde 2019, a política da e na Madeira tem sido feita de "leilões" permanentes, inconstância de carácter de alguns protagonistas e aproveitamentos resultantes de negociatas que podem servir a um ou outro lado, mas não servem claramente ao processo democrático, ao crescimento do debate e à valorização da própria ação política, onde o que se diz pode não ser o que se faz e o que se faz raramente se explica pela racionalidade e consertação do que se diz. Não é só falta de palavra, às vezes é mesmo falta de tudo.

A entrada do CHEGA e, de certo modo, do PAN na dinâmica parlamentar veio, de forma persistente, alterar todo o enquadramento político na Madeira, em função da dependência que o PSD foi apresentando ao longo dos últimos anos, obrigando a acordos com o CDS primeiro, com o PAN depois, e tacitamente com o CHEGA, embora com este sem uma formalidade que o politicamente correto iria penalizar, mas que o interesse político governativo aconselharia face ao objetivo de manter o Poder não havendo poder para o manter. Um "negócio", a Política também é negociável, por muito que digam que não.

E não está em causa qualquer atropelo processual à Democracia, o CHEGA é um partido aceite pelo Tribunal Constitucional e os seus eleitos merecem respeito na representatividade, alguns deles, no contexto global, até têm o "seu" valor. O resto é outra coisa, importante mas outra coisa para reflexão sobre um partido que é Ventura e que é de Ventura.

Miguel Albuquerque não gosta do CHEGA. Como não gosta de oposição. Nem dentro nem fora do partido, como se sabe o PSD-M. Não gosta que digam, embora sendo verdade, que o PSD Madeira está "irremediavelmente dividido", como disse Jardim à revista Nova Gente. Mas o PSD Madeira está dividido, o que acontece é que Albuquerque não faz vida partidária com essa parte, só faz com a sua, portanto nunca ouve "nãos", só ouve "sins" e, no máximo uns "nins" para disfarçar unanimismos. E para que se mantenham as cumplicidades, de lugares e de interesses.

Albuquerque é um pouco PRR, uma espécie de "Político Recuperado e Resiliente". Que tem a força da máquina e a "máquina" da força, beneficiando de uma enorme apatia do principal partido da oposição, o PS, que claramente se deixou ultrapassar, no protagonismo, pelo CHEGA e pelo JPP, sendo que o partido de Ventura, na Madeira com Miguel Castro na liderança, é mais fácil de contornar, e Albuquerque sabe fazer isso muito bem, joga com o que pode mesmo sacrificando gente do PSD-M.

É importante fazer uma reflexão sobre este relacionamento "invisível" do PSD com o CHEGA. Não é muito diferente daquele que existe entre o CHEGA e o eleitorado. Muita gente, quase toda a gente, votou no CHEGA revendo-se nas conversas de café. A polícia perdeu poder e devia desancar na criminalidade, as leis deviam ser mais duras, a imigração deve ser controlada para deixar apenas quem quer trabalhar e contribuir para a produtividade do País. Mas isto é no café, não é para "dar a cara", para dar a cara é o Ventura, mas sozinho. O eleitorado que votou no CHEGA não quer ser visto de "braço dado" comc"ele". Nem ao lado. Albuquerque é igual, precisa do CHEGA, anda de "mão dada" com o CHEGA, mas não quer ser visto na rua. E é com isto que a Região vive no âmbito do debate político, da aprovação do Orçamento e da viabilidade governativa. Uma espécie de nivelamento por baixo, que muitos militantes do PSD não se revêem enquanto partido autonómico, de princípios e de valores ideológicos, ainda que a ideologia, hoje, seja uma mera retórica no univerdo partidário.

Teremos, em breve, nova discussão parlamentar. Com debate, com críticas e certamente com a encenação habitual do novo normal político parlamentar da Madeira. Vão dizer o piorio do Governo, vão dizer que o crédito está a acabar, que este Governo fez pouco contra a pobreza, fez muito pelos favorecimentos. Mas o Orçamento é importante, o Programa também e, já agora, não é oportuno ir além disso para não andarmos sempre em eleições.

A vida política madeirense podia viver sem o CHEGA? Podia, mas não seria a mesma coisa. Que o diga Miguel Albuquerque.



102 visualizações

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
Madeira ponto logo.png
© Designed by Teresa Correia
bottom of page