Albuquerque com um Governo "técnico" põe líder do CDS no pódio da experiência política
- Henrique Correia
- 31 de mar.
- 2 min de leitura
Tudo o que é para fazer e para mostrar, envolvendo a construção civil e a compatibilização de interesses, trouxe problemas a todos os secretários que tinham as obras sob a sua alçada.

Miguel Albuquerque já tem o Governo pronto para governar quatro anos. Mudou quase tudo. Só deixou dois secretários regionais, Jorge Carvalho desde a primeira hora, na Educação, e Eduardo Jesus no Turismo, com a Cultura que já tinha e com o Ambiente que é pelouro novo. Deve ser para ver se os números do Turismo são visionados com o equilíbrio ambiental da Região. Se for por isso...Missão difícil esta com a perspetiva de mercado aberto e atividade sem restrições.
O presidente do Governo quis dar uma imagem de mudança e curiosamente retirou os secretários regionais arguidos, sendo ele próprio um arguido. Como diz Albuquerque, o arguido não é condição de culpado. Mas é agora o único da equipa governativa nessa situação. E "saltam" fora Rogério Gouveia, Pedro Ramos e Pedro Fino, sendo que, relativamente a este último, e não significa menor transparência dos outros, há uma opinião generalizada de competência, talvez esbarrando em contornos políticos a que o seu pelouro está sujeito e que, não raras vezes, obriga a decisões de interesse especifico conjuntural que talvez ultrapassasse o interesse público. Acontece muito na política. E com as obras. Tudo o que é para fazer e para mostrar, envolvendo a construção civil e a compatibilização de interesses, trouxe problemas a todos os secretários que tinham sob a sua alçada as obras. Às vezes, o "querer fazer não interessa como" pode trazer dificuldades acrescidas para quem tem de assumir decisões de cima assinando por baixo.
Miguel Albuquerque, no global, fez uma mudança do ponto de vista mais técnico. Conta com a maioria absoluta, garantinda pelo CDS, para ter um Governo aparentemente mais fraco mas com tempo para ir fazendo experiências. E com isso, intencionalmente ou não, acabou por colocar José Manuel Rodrigues no pódio (com Jorge Carvalho e Eduardo Jesus) dos secretários regionais mais experientes politicamente, e mesmo o mais experiente no conhecimento/relação com o Parlamento, além de ser um dos deputados mais antigos foi presidente da Assembleia durante cinco anos. O líder do CDS ganha, assim, um protagonismo no Executivo para os próximos quatro anos. E de novo pela mão de Miguel Albuquerque.
De resto, curioso este contexto de ascensão de José Manuel Rodrigues ao poder governativo madeirense. Num momento em que acaba de fazer o seu pior resultado enquanto líder do CDS. E nesse pior, consegue a melhor negociação para si e para o partido.
Nesta mudança governamental para o ciclo 2025-2029, maior do que se esperava, Albuquerque talvez tenha pretendido, ainda, pacificar a Agricultura retirando alguma tensão no sector, que tem muito a ver com o perfil de Rafaela Fernandes, já verificado em áreas onde a ex-governante esteve, e dispensou a governante provavelmente mais apagada dos seus governos, Ana Sousa na Inclusão.
Este Governo surge, assim, com um objetivo muito concreto de apresentar novas "caras", que agora começam uma carreira de governação direta, apesar de quase todos terem algum conhecimento dos bastidores. Veremos se há estofo para segurar a política estratégica da Região, valendo, até prova em contrário, a garantia de estabilidade para que o Executivo funcione bem com estas alterações.
Comments