Albuquerque devia "libertar" a liderança partidária; Pedra no "sapato" do PSD-M
- Henrique Correia
- 29 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Cristina Pedra surge com um histórico mais "musculado" em termos de relações internas na Câmara do Funchal, carateristica que pode provocar problemas num contexto como este.

A crise política na Madeira está já a provocar uma grande preocupação por parte de várias facções internas no PSD-M e teme-se que os reflexos possam produzir efeito já nas próximas eleições legislativas nacionais, que sendo para a escolha de deputados à Assembleia da República, podem registar uma quebra de votos para o PSD-M e não se sabe, ainda, em que dimensão isso poderá acontecer.
Internamente, as sensibilidades apontam num sentido para evitar maior descalabro eleitoral do que aquele que se prevê. A saída de Miguel Albuquerque da liderança do partido será inevitável atendendo à renúncia ao cargo de presidente do Governo por estar sob suspeita e, por essa via, não ser politicamente acertado manter a liderança do PSD-M quando o argumento para não exercer o cargo de presidente do Governo é o mesmo para não exercer a liderança partidária.
Sabe-se que há movimentações internas que, por força das circunstâncias, aceleram conjeturas relativamente ao futuro. Há nomes para a transição e há contactos visando sondar possibilidades. É o caso do antigo secretário regional de Jardim Manuel António, que é membro do Conselho Regional na semana passada teve um almoço com antigos seus diretores regionais, no que estaa ser entendido como uma avaliação prévia para analisar soluções de futuro.
A continuidade de Albuquerque na liderança do Governo, estando demissionário mas sem a demissão formalizada, está em cima da mesa, pelo menos até à votação final global do Orçamento, a 9 de fevereiro. E essa continuidade, provisória, até pode acontecer com a utilização do "impedimento" que poderia ser utilizado por Miguel Albuquerque para manter o Governo não estando ativo. E nesse caso de "impedimento", a orgânica do Governo coloca o secretário da Educação Jorge Carvalho, na liderança do Governo. Esta está a ser encarada como uma possibilidade mais transparente e que vai ao encontro da intenção de Marcelo em "salvar" o Orçamento, que caia se a solução fosse um novo Governo, também a prazo dado que o Chefe de Estado deve ir para a dissolução da Assembleia Regional assim que a Constituição o permitir, depois de 24 de março.
O Conselho Regional do PSD-M reúne-se pelas 18.30 horas para decidir quem vai substituir Miguel Albuquerque, que antes, às 12 horas, apresenta a demissão ao Representante da República o que não significa, como já se viu, que a mesma seja formalizada.
Situação de Cristina Pedra
Entretanto, o PSD- tem outro problema. A subida de Cristina Pedra à presidência da Câmara do Funchal na sequência da renúncia do presidente da Autarquia Pedro Calado, detido para interrogatório no âmbito de um caso de suspeitas de corrupção, está a causar desconforto em alguns sectores do PSD Madeira, que claramente preferiam Bruno Pereira a asumir a liderança do principal Município da Região. Uma espécie de "pedra no sapato" para deitar não da expressão popular.
A versão de vários sectores do partido da Rua Netos é a de que, neste momento, as lideranças devem ter um determinado perfil que garanta estabilidade e bom relacionamento generalizado, sendo que Cristina Pedra surge com um histórico mais "musculado" em termos de relações internas, carateristica que pode provocar problemas num contexto como este. E a última coisa que o PSD-M precisa, agora, é de mais problemas. A solução não será fácil mas o problema existe e já foi alvo de abordagem por parte do DN Lisboa.
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