José Manuel Rodrigues mudou completamente a forma de relação do Parlamento com o exterior. Há uma Assembleia antes de José Manuel Rodrigues e uma Assembleia depois.
Várias sensibilidades internas no PSD Madeira garantem que a opção de Miguel Albuquerque em colocar Cunha e Silva em número dois da lista de candidatos à Assembleia Regional obedeceu a critérios, não de popularidade, mas de estratégia visando a presidência da Assembleia Regional. O líder privilegiou essa linha pessoal de raciocínio apesar das muitas vozes contrárias que vêem essa opção como um problema e não como solução.
É voz corrente, no PSD-M, a dificuldade de Cunha e Silva para impor um grau de popularidade que lhe permita ser mais valia. Dentro e fora do partido. Uma realidade a que não está alheio o facto de ter feito um percurso político na base de uma ação mais "musculada", além de opções políticas duvidosas e de tal ordem relevantes, pela negativa, que ainda hoje há dificuldade de desmontar apesar de ter passado já muito tempo. Fontes comparam algumas decisões menos felizes no âmbito das Sociedades de Desenvolvimento com o que ainda hoje se passa com Passos Coelho relativamente à retirada dos subsídios de Natal e de Férias do tempo da "troika": as pessoas não esqueceram e o grau de popularidade leva mais tempo do que o previsto.
Miguel Albuquerque sabe as divisões que esta opção implica. Em momentos anteriores, viu-se a braços com uma "convulsão" interna quando se falou no regresso à política pública, envolvendo na altura uma reunião de emergência com José Prada e Jaime Filipe Ramos, sendo que as relações deste com Cunha e Silva não são de proximidade, deixam mesmo alguma curiosidade na coexistência para o futuro quadro parlamentar.
Acontece que a decisão está tomada e visa, fundamentalmente, a presidência da Assembleia, numa lógica de vitória, agora que o PSD vai a eleições sozinho. E diga-se que neste enquadramento estratégico, Cunha e Silva tem experiência, já foi vice da ALRAM, e por aí há um reconhecimento que, neste particular, reúne condições de exercício do cargo, se bem que a postura de liderança de José Manuel Rodrigues mudou completamente a forma de relação do Parlamento com o exterior. Há uma Assembleia antes de José Manuel Rodrigues e uma Assembleia depois. Um presidente na linha dos anteriores presidentes do PSD, poderá funcionar como um revés para a afirmação que a Assembleia ganhou em diversas áreas da sociedade. Digamos que Rodrigues "armadilhou" o Parlamento, na forma de se relacionar com o exterior. Quem vier a seguir não precisa apenas de experiência. Será preciso mais qualquer coisa.
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