Henrique Correia
Albuquerque falou "grosso"; Sérgio não pode falar "fininho"
Como disse Miguel Gouveia, a propósito do jantar de Natal do PS-M "o Messias cujo nascimento celebramos no Natal é o único que nasceu para nos salvar", apontando que os agentes da mudança são os eleitores.

Albuquerque joga pelo seguro na coligação com o CDS.

Sérgio Gonçalves tem uma missão difícil para 2023.
Já não haverá muitas dúvidas que as eleições regionais de 2023 poderão ser um importante indicador para o futuro e tanto os políticos como os partidos já enquadraram as suas estratégias nesse sentido. Estamos a menos de um ano mas até parece que é uma espécie de pré campanha. Ou não fosse o Orçamento Regional, recentemente aprovado, um instrumento dessa planificação com o voto no horizonte. O ano de eleições não pode corresponder a ano de dificuldades, como se prevê. Daí o assistencialismo e a subsidiodependência, curiosamente o que dizem que não pode ser.
E como já dissemos neste espaço, internamente no PSD Madeira, o líder já dá indícios de alguma euforia em função das sondagens que o colocam num patamar de maioria absoluta vá ou não acompanhado pelo CDS, sabendo-se desde já que vai em coligação. Joga pelo seguro. Albuquerque está visivelmente empolgado, sendo que essa satisfação interior transparece nas iniciativas do partido, mas também na ação governativa, onde mostra obra e diz que "assim se vê a força do PSD". Enquanto Rui Barreto, sempre que pode, lembra a Albuquerque que a estabilidade governativa deve-se ao CDS. Por acaso, foi assim em 2019, se não fosse o CDS o PSD ficaria numa situação delicada para manter o poder. E a próxima coligação é, no fundo, um reconhecimento do PSD mesmo numa altura em que, se calhar, não precisaria do CDS.
Antes das tréguas de Natal, onde tudo parece viver em paz, as eleições de 2023 estiveram presentes nas principais forças políticas regionais. No Parlamento, nos jantares de Natal. E viu-se Albuquerque de "peito feito" para Sérgio Gonçalves, o líder do PS Madeira, num discurso duro e arrasador para o líder da oposição, uma estratégia de cariz eleitoral para não deixar ponta por onde se pegue. E o líder socialista, mesmo sem perfil para entrar naquela zona de "desconforto", terá que assumir um posicionamento ou encontrar alguém que faça esse combate por si. Não pode ir desarmado para ataques de mísseis. E é preciso não esquecer que está em desvantagem de afirmação: é um líder novo e tem um perfil que, sendo de relevar pela tranquilidade, poderá ser insuficiente na forma de combate político que o conjunto de massas do universo eleitoral aprecia.
Como disse Miguel Gouveia, o anterior presidente da Câmara do Funchal, recém filiado no PS-M, no almoço de Natal dos socialistas madeirenses, "o Messias cujo nascimento celebramos no Natal é o único que nasceu para nos salvar. No nosso quotidiano, sereremos todos nós, individualmente, contribuindo com o que temos para uma causa comum, os agentes de construção de um futuro mais justo, mais próspero e mais livre para a nossa Madeira". Um recado para os eleitores. Tem razão Miguel Gouveia, não há milagres para as mudanças, há lideranças e há voto do povo. E, como se sabe, às vezes, como diz o povo, "mais vale cair em graça do que ser engracado".
Para 2023, teremos uma Região "presa" pelas eleições. E todas as decisões políticas, económicas e sociais vão passar por aí. Vamos assistir a um discurso duro do PSD, que tem as melhores "armas" e a máquina montada no terreno, nas bases. E nas instituições. Quanto ao PS-M, ou vai à "guerra" e combate a sério sem "embarcar" em cumplicidades conhecidas, algumas delas é também o seu espaço de ação, ou então tem o destino traçado de perder deputados, comprometer o futuro e deixar o PSD mais 49 anos no poder. Como não pode pedir a Sérgio Gonçalves que mude de perfil, só resta uma mudança de discurso. Pedir a mudança é fácil, mas é preciso mostrar as virtudes dessa mudança.
Agora, é Natal. ..