Albuquerque joga a "sobrevivência" política com o único "trunfo": eleições
- Henrique Correia
- 4 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Se a uma desunião do partido que governa a Madeira, a oposição responder com desunião de interesses superiores enquanto procura protagonismos parcelares e inconsequentes, então o povo vai pensar que é melhor deixar como está.

Miguel Albuquerque está a "jogar" a sua sobrevivência política quando defende eleições antecipadas por queda do Governo resultante da moção de censura apresentada pelo CHEGA e cuja votação está agendada para 17 de dezembro. O problema é que o grau de satisfação relativamente à sua sobrevivência política poderá não ser coincidente com o grau de satisfação da sobrevivência do PSD-M, e aqui é que reside um dos problemas.
O líder do Governo e do PSD-Madeira tem a perceção exata do cenário que o rodeia, sabe das movimentações internas no partido, envolvendo até militantes seus apoiantes de outrora, e sabe também que a conjuntura da oposição acaba por lhe ser favorável na perspetiva de ganhar, ainda reconhecendo que poderá continuar a perder votação.
De facto, a menos que seja colocado numa posição complicada do ponto de vista interno do PSD-M se os seus companheiros de partido decidirem apresentar ao Representante da República uma solução de Governo sem eleições e com um líder de transição, com o apoio parlamentar de parceiros conjunturais, tudo indicará que teremos de novo eleições, uma vez que parece ser muito difícil de encontrar uma solução alternativa de oposição, género "geringonça", que através de uma frente comum poderia ter alguma possibilidade em termos de apoio parlamentar. Com a oposição dividida e a braços com a gestão de egos, fica mais fácil para Miguel Albuquerque.
A realidade é que se o PSD está com problemas, o PS também e o JPP anda num crescendo de afirmação política que o leva a patamares de pensamento no sentido da liderança dessa mesma oposição. Se a uma desunião do partido que governa a Madeira, a oposição responder com desunião de interesses superiores enquanto procura protagonismos parcelares e inconsequentes, então o povo vai pensar que é melhor deixar como está. E o mais certo é voltar a não haver maioria absoluta com os mesmos problemas.
E é importante que sejamos claros no que se prende com o quadro político na Região desde o início da Autonomia e da hegemonia do PSD. a Madeira tem sido governada pelo PSD por duas razões: o partido no poder tem a missão facilitada, cria raízes, cria expedientes, cria dependências que aumentam com o tempo; a oposição não tem conseguido encontrar "antídoto" para cativar o eleitorado, sendo que a grande responsabilidade recai mesmo em quem quer chegar ao poder. Só ou acompanhado. Se não tem estratégia, se não chama a si a popularidade da força alternativa, e se ainda por cima não se entende numa conjugação de esforços, o caminho para o insucesso é maior.
E lá estamos numa condição igual a tantas, com pequenos passos numa tentativa de transferência de votos, mas com pouca substância naquilo que é o objetivo da oposição: governar a Região. E entretanto, de desentendimento em desentendimento, aos tropeções de políticos e da Política, vamos seguindo como se o normal fosse mesmo isto.
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