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Albuquerque não desiste e obriga oposição a se "mexer"...

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • 9 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Será que há capacidade para isso (projeto alternativo) quando já houve tanta oportunidade perdida? Será que há um projeto que convença o eleitorado quando o PS até desceu com o PSD a cair?




Naquilo que é uma avaliação política pragmática, do ponto de vista democrático, Miguel Albuquerque tem razão quando diz que quem escolhe o presidente do Governo é o povo, através do voto. Já o Governo, na sua composição, não é o povo mas sim o presidente que o povo escolheu. Nem é o resto, o resto resulta de uma legitimidade democrática, mas é uma "carta branca" cujo escrutínio se faz de quatro anos, como estabelece o quadro democrático onde nos movemos. É o que é e a verdade é que Miguel Albuquerque foi reeleito em setembro de 2023 e em maio de 2024, ainda que se verifique um desgaste na volumetria do apoio popular. Ainda assim, vence. E mais, vence com maioria, ainda que relativa, num enquadramento em que já estava a braços com um processo judicial, no âmbito do qual ainda não foi ouvido, e já deveria ter sido. Mesmo gozando da presunção de inocência, um processo é sempre um processo, lança suspeitas e dúvidas, mas ainda assim vence eleições. O povo, nessa maioria, votou num candidato suspeito, achou bem que um presidente do Governo possa governar sob suspeita a aguardar desenvolvimento do processo em que está envolvido. Pode ser estranho, mas foi assim. Não se pode dizer que não há legitimidade, há, e o próprio exercício do cargo tem sido exercido assim com uma base legal e legítima do ponto da representatividade.

Agora, outro problema a equacionar prende-se com o desprendimento e com a transparência. E aqui, sem a Justiça ter concluído seja o que for, pela morosidade que a carateriza mais do que a eficácia, há pouco a fazer se não partir da iniciativa do próprio visado, tem a ver com as pessoas, com a forma como vêem o exercício dos cargos públicos, com as alternativas. É uma decisão muito pessoal, muito individual, e por isso tem a ver com a pessoa, com o indivíduo. E as pessoas não são iguais e decidem da forma como acham conveniente. E se o eleitorado garante legitimidade mesmo em situações que necessitam de esclarecimentos sobre transparência, mesmo com meio Governo sob suspeita, o resultado diferente só pode acontecer se o eleitorado inverter a tendência e sobretudo se o eleitorado tiver alternativa, o que já passa para a esfera da oposição, para a esfera do principal partido da oposição, que tem que fazer diferente se quiser resultado diferente.

Miguel Albuquerque não é Pedro Calado. Este afastou-se voluntariamente ou aconselhado, não interessa, afastou-se da presidência da Câmara do Funchal, retirou-se do centro das atenções e aguarda o desenrolar dos processos num plano recatado. Foi uma atitude prudente e responsável. Miguel Albuquerque fez diferente, os secretários sob suspeita fizeram diferente, mantiveram-se em funções com o risco da dúvida sobre procedimentos que estão a ser avaliados pela Justiça, podendo haver nada, parte ou haver tudo. Enquanto isso, vão a votos, ganham eleições, exercem os cargos e pronto. Sob suspeita passa a acessório.

Claro que a posição de Calado foi outra. Do ponto de vista dos princípios, esteve bem, independentemente do grau de inocência ou culpa que se venha a apurar relativamente a alguns procedimentos. Preferiu esperar, mas podia ter continuado em funções e dizer que quem escolhe o presidente da Câmara é o povo. Se calhar, até era reeleito, conhecendo-se o meio pequeno, do tamanho do grau de exigência e do escrutínio, onde as escolhas são feitas pela cumplicidade com as pessoas e muito menos pelas ideias e programas. E quase nunca tem peso a ética ou a falta dela.

Portanto, o que diz Albuquerque pode acontecer. Conhece o eleitorado, já percebeu que tem uma parte fixa, é por natureza um contrário ao que se pede, resiste bem às críticas, teima mais do que a teimosia, e é muito capaz de ir a eleições, se o PSD se mantiver parado em deslumbranento. E é capaz de ganhar eleições, não importa os votos que perca.

Por isso, se a moção de censura passar, parece hoje muito difícil haver um Governo de entendimento com outro presidente e sem os secretários sob suspeita. E se assim for, teremos eleições. E aí cabe à oposição se organizar até início de 2025 para contrariar esta tendência "eterna" do PSD no Poder. Será que há tempo? Será que há capacidade para isso quando já houve tanta oportunidade perdida? Será que há um projeto que convença o eleitorado quando o PS até desceu com o PSD a cair?

Vamos ver o que haverá de diferente. Fórmulas e estratégias iguais darão resultados diferentes?





 
 
 

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