Em Belém não há dúvidas: Miguel Albuquerque foi convidado para o 10 de junho em Londres. E a leitura da reação do presidente do Governo tem a ver com o facto de não querer ficar na mesa com Paulo Cafôfo.

Causou um verdadeiro embaraço em Belém este conflito institucional relacionado com a representação da Madeira nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em Londres, onde como lembrou Marcelo Rebelo de Sousa, a Região tem uma forte representatividade em termos de emigração mais antiga. Faria todo o sentido a Madeira estar presente, mas Miguel Albuquerque disse não ter sido convidado, o que desde logo foi desmentido pelo Presidente da República dizendo que o presidente do Governo Regional deve ter-se esquecido do convite feito, pessoalmente, pelo chefe da Casa Civil. A Quinta Vigia manteve o que disse e cada uma das partes ficou na sua, mas o povo questiona-se: quem está a falar verdade?
Apesar de estarmos a falar de política, a verdade é que a dialética de contornar as realidades não é muito utilizada a este nível de responsabilidades para assuntos de convites e de cadeiras, tratando-se de um Presidente da República e de um presidente do Governo Regional, que estão acima deste patamar de agora digo eu, agora dizes tu, com deselegâncias que encontramos num enquadramento parlamentar ou politico partidário puro e duro, mas que é de todo evitável entre órgãos desta dimensão.
Conforme o desenrolar das informações, sabe-se que esta situação do 10 do junho não é tão pacífica como parece, sendo que muitas das fontes contactadas garantem que o chefe da Casa Civil de Marcelo tem no rigor do cumprimento das indicações uma questão de honra. Dizem-nos que era práticamente impossível um entendimento diferente das diretrizes recebidas, nem um eventual lapso que possa ter resultado na omissão relativamente a Londres. O protocolo, que coloca Miguel Albuquerque na mesa de honra em Londres, desfaz aquela dúvida sobre se houve ou não convite. Mas o grande problema foi mesmo a mesa.
Em Belém não há dúvidas: Miguel Albuquerque foi convidado para o 10 de junho em Londres. E a leitura da reação do presidente do Governo tem a ver com o facto de não querer ficar na mesa com Paulo Cafôfo, o madeirense secretário de Estado das Comunidades, que já foi líder do PS Madeira e presidente da Câmara do Funchal. E foi com ele na liderança da oposição que Miguel Albuquerque perdeu a maioria absoluta que obrigou o PSD-M, pela primeira vez, a negociar, neste caso com o CDS, a permanência na governação regional.
Albuquerque terá ficado desagradado com a partilha da mesa com Cafôfo e fontes ligadas ao processo dizem que este ambiente criado pela retórica do convite, ajudou a resolver um problema que Albuquerque não queria enfrentar.
Sabe-se, também, que Albuquerque não estava à espera que Cafôfo integrasse o Governo da República, ainda por cima com a pasta das comunidades, sendo que na Região essa tarefa estava e está entregue a Rui Abreu, diretor regional das Comunidades. Agora, as ordens são para marcação cerrada a Cafôfo, mas a verdade é que o secretário de estado tem outros argumentos e tem acelerado a sua "campanha" logo que tomou posse, assumindo um protagonismo que está a causar algum incómodo. Um problema para Rui Abreu.
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