Aquilo que merece uma comedida atenção das estruturas de Estado prende-se com algumas especificades do Governo de gestão na Madeira, uma vez que Miguel Albuquerque e os secretários regionais têm feito uma gestão no risco deixando algumas dúvidas sobre a contenção necessária.
A diferença entre o Governo de gestão e o que está em plenas funções, é muito ténue, tão ténue que quase nem se nota não fora a falta de Orçamento e a gestão em duodécimos. De resto, há visitas a obras todos os dias, deliberações no Joram todos os dias, com nomeações, há mudanças de liderança na Gesba, há exonerados que estariam fora de "circulação" dentro de mês e meio, há uma plena atividade governamental que ninguém diria estar o Governo de Miguel Albuquerque em gestão.
É verdade que o conceito de governo de gestão é vago e tem muitas "pontas soltas" na concepção: "o Governo limitar-se-á à prática dos actos estritamente necesssários para assegurar a gestão dos negócios públicos".
Sabe-se que este conceito vago tem sido aproveitado por Miguel Albuquerque para "esticar a corda". O presidente anda preocupado e não quer deixar nada por fazer em função da consciência que pode vir a perder votos nas eleições de 26 de maio. Daí que não tenha tido qualquer reserva em "pisar o risco" na sua agenda diária entre partido e Governo de gestão, que não raras vezes se confundem sem grandes reservas porque os tempos e as necessidades não estão para esse tipo de transparência.
O mais curioso é que Miguel Albuquerque tem desenvolvido a sua atividade governativa como se nada estivesse a acontecer nas limitações do Governo depois de ter manifestado precisamente as "amarras" de um governo de gestão para gerir a coisa pública e sobretudo as obras do PRR, o que desde logo foi desmontado pelo Representante da República quando disse, publicamente, que a execução do PRR estaria garantida por um Governo de gestão, posição com base num parecer do Procurador do Ministério Público junto da Representante e do Tribunal de Contas, deixando claro que a argumentação de Albuquerque para não querer eleições antecipadas caía por terra pela parte prática que não impedia o Governo de governar as obras e as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência. Como de resto já se percebeu. Só que o argumento de Albuquerque ia no sentido de continuar a governar sem eleições antecipadas.
Mas aquilo que merece uma comedida atenção das estruturas de Estado prende-se com algumas especificades do Governo de gestão na Madeira, uma vez que Miguel Albuquerque e os secretários regionais têm feito uma gestão no risco deixando algumas dúvidas sobre a contenção necessária atendendo ao contexto que exige bom senso governativo na propaganda/campanha pré eleitoral.
O nervosismo vigente no âmbito governamental, especialmente por parte de alguns secretários regionais, em função das recentes eleições internas no PSD, têm transportado para o Governo uma espécie de "caça às bruxas" e uma azáfama que antecede as eleições no sentido de tomar decisões, mostrar obra feita, por fazer e pensada, o que no meio do processo é fácil ultrapassar "fronteiras" sem saber muito bem onde começa e onde acaba um governo de gestão.
Na Madeira, não há "correntes" para a gestão corrente.
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