Miguel Albuquerque cita Felipe Gonzalez, o antigo lider do governo espanhol, para dizer que os ex-presidentes são como “jarrões chineses” porque “são muito bonitos, mas ninguém sabe o que é que faz com eles.” Uma "piada" que "encaixa" em Jardim.
Miguel Albuquerque desdobra-se em entrevistas e vai gerindo declarações à volta da maioria absoluta ou da falta dela. Num dia, no calor dos comícios, diz que vai embora e não governa com maioria absoluta, há quem chame "chantagen" ao eleitorado, o próprio diz que não é, antes pelo contrário, está a ser sincero com os eleitores e a falar claro para que os que vão votar saibam o que está em jogo.
Agora, em entrevista ao Observador, surge o mesmo enquadramento com outros contornos, se não tiver maioria absoluta. Diz que "se ganhar sem maioria, é o PSD-Madeira que vai decidir se faz coligações pós-eleitorais com outro protagonista ou se pede novas eleições". Explica no seu Facebook que esta entrevista é para deixar "mais uns pontos nos is".
E se não houver essa maioria absoluta, seguem-se novas eleições? "É uma situação que depois eu devolvo ao partido. É preciso alguém assegurar a liderança do PSD, depois do quadro de alteração dessa liderança é o partido que decide o que vai fazer".
"Admitia que o PSD Madeira pegasse nos votos que conquistou como cabeça de lista e convidasse uma pessoa que não se importasse, por exemplo, de fazer uma coligação com o Chega ou com a Iniciativa Liberal?
"Isso é uma solução que cabe depois ao partido decidir, eu apresento e faço aquilo que fui mandatado para fazer no Congresso do PSD que é irmos em coligação [com o CDS] e obter um Governo com maioria parlamentar, num quadro de estabilidade e de confiança para poder governar a Madeira", responde Albuquerque.
Nesta entrevista, fala das polémicas da campanha, do facto de estar entre os políticos mais ricos: "diz que tem património porque não vem de “uma família pobre” e lembra (sobre as variações patrimoniais desde que é presidente) que vendeu uma quinta ao Grupo Pestana. Para afastar boatos antigos e um vídeo recente em que um homem lhe passa algo para a mão discretamente, o candidato diz de forma taxativa: “Nunca consumi drogas“.
Quanto ao Chega, quando admitiu uma eventual ligação, em tempos, foi por irritação sobre as linhas vermelhas: “Se o Chega é aceite pelo Tribunal Constitucional, são eleitores legítimos como os outros e não vamos estigmatizar o partido. Agora, a direita e o centro-direita não podem ser cobardes: têm de enfrentar o Ventura. Ele pensa que é um papão, mas não mete medo a ninguém. Toda esta retórica do André Ventura, que conheço, que veio do PSD, é de um partido contestatário, que não é de governo neste momento".
Quando sair, Albuquerque já pensa como Jardim, não se sabe é se acabará por acontecer o que aconteceu a Jardim que pretendia encontrar um sucessor e perdeu o controlo do partido.
"No dia em que anunciar que me vou embora tenho de arranjar condições para ter uma sucessão dentro do partido, que garanta a continuação da estabilidade, quer do principal partido da região, que é o PSD-Madeira, quer uma estabilidade a nível político e interno. Somos um partido com responsabilidades, um partido de governo".
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