Não chegou o tempo de alguém pensar em mudar a legislação para enfrentar os "novos" tempos? Ou querem ter o "iceberg" mais à vista quando o alerta, ainda "laranja", passar a "vermelho"?
Segundo está a noticiar o JM, registou-se um assalto a uma dependência da Caixa Geral de Depósitos em Câmara de Lobos que terá rendido à volta de 200 mil euros (valor não confirmado oficialmente). O assaltante, munido de arma de fogo, amarrou os funcionários e está em fuga enquanto as autoridades já estão a investigar.
Coisa anormal na Madeira, coisa para abrir noticiários mas não na Madeira, que em tempos era conhecida pelo "cantinho do céu", mais valia que já foi há algum tempo, pelo menos naquela versão de "cantinho do céu" que conhecemos, aquela de deixar as chaves na porta em muitas zonas rurais da Madeira, muito menos nas zonas urbanas, mas nestas com um grau de segurança que permitia outra tranquilidade que já nem as estatísticas, sempre mais benevolentes do que a realidade, conseguem esconder.
Mas assaltos, não. Contavam-se pelos dedos estas situações, assim de repente um grande assalto a uma ourivesaria, que ao que se sabe nunca foi resolvido, mas assim, com este "atrevimento", em crescendo, era impensável há uns anos, infelizmente mais previsível com a realidade que hoje conhecemos e que, a não ser atalhada nas causas, bem como na intervenção e decisão, poderá atingir proporções mais graves. Atuar, deter e prender para desencorajar, caso contrário teremos um grande problema depois de há pouco tempo ter sido assaltado um posto de combustível.
Digamos que aquilo a que estamos a assistir, e nem é só pelo assalto agora verificado, é o que podemos considerar de "ponta do iceberg", que vem assumindo cada vez maiores proporções. Primeiro com um problema dos sem abrigo e as entidades atuaram parcialmente contabilizando uma centena no Funchal, deram casa a quatro, promessa de resolver outros quatro, entretanto perdeu-se a conta do aumento. Depois, após a pandemia, um outro problema agravou-se: o tráfico de droga e o consumo de substâncias psicoativas, cuja "comercialização" foi potenciada com um novo turismo neste "boom" de visitantes que é bom para a Economia mas trouxe outras realidades que traz consequências sobretudo num meio pequeno e num contexto e dificuldades de rendimentos das famílias, realidades que incentivam, em muitos casos ao ilícito.
Quem conheceu a Madeira, especificamente o Funchal de um passado recente, até podia contar os sem abrigo da cidade, os que eram e os que eram considerados assim, não sendo efetivamente, onde paravam, quem eram. Hoje, isso não é possivel. São tantos os "agentes" pela cidade, entre sem abrigo e eventualmente outros ligados ao mundo marginal, que dificilmente podemos ter essa percepção de quantificar de "cor e salteado". São muitos e muitos diferentes. Todos os dias. E por isso, o Funchal está diferente, vê-se cada vez mais essa "ponta do iceberg", que infelizmente já chegou a outros concelhos da Região, designadamente Santa Cruz, com Camacha e Caniço na frente dos problemas, Câmara de Lobos e Machico.
O problema está identificado, mas parece que o esforço das entidades, políticas e policiais, estão a sentir grandes dificuldades para atacar as causas de um problema também social, mas dificuldades para encontrar as melhores soluções do ponto de vista judicial. A população quer uma solução rápida, mas talvez a legislação não ajude nessa solução. Não chegou o tempo de alguém pensar em mudar a legislação para enfrentar os novos tempos? Ou querem ter o "iceberg" mais à vista quando o alerta, ainda "laranja", passar a "vermelho"?
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