Madeirenses sentem grandes efeitos, uns normais e outros porque sim. E depois tem o turismo em alta, onde é preciso cuidado para não querermos ganhar tudo de uma vez. Para "não matar a galinha dos ovos de ouro".
É inconcebível o que estamos a assistir relativamente a aumentos de preços de alguns bens, também na Madeira, à conta dos efeitos da guerra na Ucrânia. Não aprendemos nada com a pandemia, não aprendemos nada do tempo em que as portas estavam fechadas com trabalhadores no desemprego e empresários sem rendimento. Não aprendemos nada sobre o tempo em que até vender um café já era bom a metade do preço. Não aprendemos nada, nisso e na solidariedade e humanização que todos pensavam ser uma consequência natural de um período de entreajuda, de um por todos, todos por um. Mas bastou um início de recuperação para vir ao de cima a "comercialização selvagem" com penalização forte aos consumidores. Não aprendemos mesmo nada. Vendo bem, até não era se esperar outra coisa. Sempre foi assim, querem ganhar tudo e alguns podem perder tudo.
Há muitos anos que vínhamos construindo uma sociedade individualista, incapaz de ver o todo e fazendo questão de gerir a parte. As crises agravaram essa realidade, reduziram a exigência dos deveres e aumentaram a insuficiência dos direitos, com perspetivas de nivelamento por baixo do emprego, além da subsequente distância entre classes, deixando a classe média com um cenário pouco ou nada animador, sem apoios porque não ganha tão pouco para ter apoios, mas sem acesso à dignidade de consumo porque não ganha tanto para ter determinados acessos, há uns anos normais desta faixa da população.
Agora, mais uma vez, é a classe média mais penalizada num enquadramento que os empresários, muitos, querem recuperar em três, quatro meses, o rendimento perdido com a paragem da pabdemia. E ninguém quer saber da perda de rendimentos de muitos consumidores. E bastou um primeiro anúncio de míssil russo na Ucrânia para o café aumentar mais 10 ou 20 cêntimos, além de todos os produtos de supermercados, até pratos do dia ou outros pratos que, esperteza saloia, já têm acompanhamentos à parte em alguns restaurantes. Um descalabro que as entidades fiscalizadoras não conseguem evitar. E estamos entregues a isto.
Mas neste contexto em que a Ucrânia justifica tudo, é importante que a Madeira esteja atenta ao turismo. Estamos num momento único em que o turismo da Madeira pode dar o "salto" quantitativo, esperemos que também qualitativo, mas é importante não querermos aproveitar tudo de uma vez. O setor está em alta, o turismo está diversificado, que antes era um problema da Região, haver pouca diversidade, há um novo perfil de turista, mais jovem, além do número de visitantes estar a aumentar todos os dias. É bom para a Madeira, para os madeirenses e para os empresários da hotelaria e similares.
Tudo isto é bom. Mas também é bom não querer ganhar tudo em pouco tempo para não matar "a galinha dos ovos de ouro". O Turismo deve estar atento a isso.
コメント