Henrique Correia
Associação cívica denuncia novos avanços do Governo para pavimentar as "Ginjas"
"A reapresentação do antigo estudo com novos e com as partes cómicas e grotescas eliminadas, representa desespero, teimosia e uma inqualificável e absurda visão embaçada".

A Associação cívica para a defesa e proteção da Floresta Laurissilva mostra o descontentamento pelos avanços feitos pelo Governo no sentido da pavimentação da polémica estrada das Ginjas. Pelo menos as intenções governamentais já estão provocar novos contornos da polémica.
Refere a associação que há uma "nova enganadora tentativa do Governo Regional da Madeira em pavimentar a Estrada das Ginjas", explicando que "a reapresentação do antigo estudo com novos adjetivos e com as partes cómicas e grotescas eliminadas, representa desespero, teimosia e uma inqualificável e absurda visão embaçada do que, de facto, está em causa.
Em causa está a agressão ecológica e ambiental pela desnecessária e absurda necessidade de pavimentar o Caminho das Ginjas. Aproximar populações? Como afirmavam no primeiro estudo. Agora, novembro de 2021, já não existem “populações” para aproximar? Agora é para melhorar uma estrada regional.
Para quê? Ligar o concelho ao Paul da Serra?"
Aquele movimento associativo acrescenta que "não é só o acesso “mais confortável” para turistas e visitantes. É que estes não procuram conforto de estradas e de performances de pavimentos. Os acessos existentes têm sido suficientes há gerações. A casa, o miradouro, a lagoa e todo o planalto da Casa do Caramujo “interfere” nos apetites de implantação turística de algum grupo hoteleiro! Será isso?"
E deixa algumas outras questões:
- Que beneficio ou valor acrescenta a pavimentação deste caminho à rede viária madeirense?
- Que vantagem prática e objetiva proporciona aos residentes das Ginjas de São Vicente?
Num comunicado, a associação denuncia publicamente o que considera como "uma conspiração patrocinada oficialmente por insensatos e fracos governantes.
Hilariante a menção a uma futura linha de transporte de energia, que utilizaria o caminho pavimentado para enterrar cabos e quejandos no solo. Como se a algum efeito ou benefício representasse de maior.
A floresta é, desde há muito, atravessada por quilómetros e quilómetros de linhas de alta tensão em todos os sentidos, formas e aspetos.
O que representaria uns metros de cabo subterrâneo no todo e no contexto da gestão e conservação da Laurissilva da Madeira?
Nem argumento digno de nota deveria ser, muito menos razão e causa para justificar a pavimentação do Caminho das Ginjas".
Lembra a associação que "a UNESCO não nos atribuiu um simples Galardão como tentam enganar cidadãos incautos ou “distraídos. A UNESCO classificou um recurso natural como património excecional da humanidade.
Galardão!?
Enganem-se senhores governo, essa intenção de desclassificar e apoucar a importância e dimensão da classificação da UNESCO é para além do desonesto…!
A defesa da Laurissilva da Madeira não se executa com aquele regulamento primário, mal redigido e cientificamente nulo, que é o POGLM (Plano Ordenamento Laurissilva). Esse “regulamento” nem para a gestão de uma quinta particular produtora de cebolas serve, quanto mais para uma área Património Natural de Excecional Valor para a Humanidade".
Esta associação "encarregar-se-á de confrontar, a todos os níveis, incluindo os judiciais, todas as entidades gestoras, seja a que nível for, durante todos os dias e em todas as circunstâncias, para o cumprimento da Lei e de todas as obrigações a que a República Portuguesa e a Região Autónoma da Madeira têm para com os seus compromissos internacionais, nacionais e regionais na defesa da integridade e na melhor gestão da Laurissilva da Madeira".