A luta dos jovens é precária, os direitos são precários, e de precariedade em precariedade, habituam-se, não acreditam que a união faz a força porque sabem que a união foi substituída pelo cada um por si.
O Dia do Trabalhador está a terminar. Um feriado, de praia e de serra, de "ponte" para curtos períodos de férias, um dia bem passado. Como o 25 de abril, como a terça-feira de Carnaval, como o 10 de junho, o 1 de julho e todos os dias assinalados por qualquer comemoração que muitos desconhecem mas que em comum têm o facto de estarmos perante dias de descanso para muitas atividades profissionais.
O resto, o que representam os dias, as lutas, as reivindicações, serve para a agenda dos partidos, nos mesmos modelos de sempre, em determinados casos com as mesmas caras de sempre, mobiliza as estruturas sindicais, também com os mesmos problemas, o mesmo histórico, merecedor de um louvor pela insistência, pela persistência, face a um avanço da precariedade de emprego, dos salários baixos, da falta de direitos e do aumento de deveres, que deixam o novo mercado de trabalho, dos jovens, praticamente sem reação. A luta dos jovens é precária, os direitos são precários, e de precariedade em precariedade, habituam-se, não acreditam que a união faz a força porque sabem que a união foi substituída pelo cada um por si e se possível não olhando para quem estáao lado, não acreditam que da luta nascem direitos e serão esses direitos uma conquista de futuro. Não acreditam, não acreditando não lutam, não lutando não têm. E o presente até pode ser de desemprego baixo, sabe-se em parte porquê, mas a falta de segurança e a prevalência do "pouco melhor do que nada" comprometer o futuro e adia tudo: ptojeto de vida, a vida, a casa, o casamento, os filhos. E é neste quadro que nos movemos, satisfeitos com migalhas e vendo comprometer o futuro de gerações à conta desta visão medíocre dos números, das estatísticas que enganam realidades.
Vimos o Presidente da República e alguns ministros, dirigentes de partidos, dirigentes sindicais e algumas manifestações que no continente ainda fazem número (caso recente dos professores e em Lisboa hoje) mas que na Madeira só se for a mobilização para os Xutos e Pontapés. Tudo porque é de mera agenda e porque o meio é pequeno (por força do histórico, há mais prevenção do que repressão, ou seja já ninguém se mobiliza), porque sempre foi assim, porque os sindicatos fazem que têm força e muitos mostram a força que já não têm. Porque os sindicatos fazem-se com trabalhadores, não só pelas quotas que estes pagam mas pela participação ativa. Sem pessoas, os sindicatos ficam sem poder. E sem poder, fica a luta mais difícil. E é isso que acontece há muitos anos.
O Dia do Trabalhador é uma mera formalidade de posições sectárias conforme o lado de origem. O trabalhador que luta há-de ser sempre um comunista, um que não reivindica será sempre um "lambe botas" que se mostra ao lado do patrão. Ser sindicalista é perigoso, quem vai ao café com ele é de ter o olho em cima, uma candidatura quando for para a lista de dispensas. Os trabalhadores estão ali para trabalhar, não para reivindicar. Uma visão redutora mas real ainda nos nossos dias.
E vendo bem, um dia de sol, um bom bronze e uma entrada de sorriso aberto que o patrão veja ou que lhe chegue de qualquer maneira, pode resultar mais do que ser visto numa manifestação qualquer "o que é que este está ali a fazer, cuidado com ele.. ".
E ficamos nesta: A Luta Continua mas ninguém vai para a Rua...
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