Atenção: preço das casas "despeja" novos moradores nas ruas de Lisboa
- Henrique Correia
- 19 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Madeira em terceiro lugar com preços medianos da habitação mais elevados depois de Grande Lisboa e Algarve. É preciso, como diz o povo, "pôr as barbas de molho".

Foto DR.
Os dados estatísticos relativamente aos custos da habitação em Portugal são assustadores. Nada de novo, mas assustadores na mesma. Pela especulação difícil de travar, pela resposta tardia dos poderes públicos e pela distorção de princípio com que algumas medidas governamentais são colocadas como alternativas apontando reduções que tomam como base um valor de mercado inflacionado. É o que acontece, por exemplo na Madeira, com as cooperativas e com os investimentos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), onde o Governo até pode dar o terreno e o resultado, como se viu recentemente, é de T1 a 190 mil euros, mais acessível por comparação de valor real de mercado, mas ainda assim inacessível, por exemplo, à média de ordenados dos casais jovens. O problema está mesmo nos valores de mercado, o patamar escolhido como "barómetro", sendo certo que é verdade, mesmo que verdade "manipulada", que a intervenção do poder público apresenta efetivamente uma redução sobre o mercado privado.
Mas os dados estatísticos são reveladores de uma realidade preocupante que coloca a Madeira num terceiro lugar, que neste particular não tem a honra que um pódio qualquer daria. Pode ser bom para o negócio que envolve a construção, a venda e compra de casas, mas nestas proporções empurra os cidadãos para fora dos centros especulativos e até um dia pode acontecer (esperemos que não) o que já acontece em Lisboa, onde aos sem abrigo, toxicodependentes e marginais (Funchal subiu a olhos vistos nestas vertentes e nunca maisse soube sobre comissões e casas de acolhimento, além de medidas que evitem o alastramento que está a acontecer) juntam-se novos "moradores de rua", pessoas que até trabalham mas não podem pagar um quarto aos preços proibitivos da capital porque os seus rendimentos não chegam. Isto é grave e os governos não podem andar com esta dialética de fazer crer numa bebesse de construir 30% abaixo do valor de mercado quando esse mercado é especulativo.
Segundo as estatísticas, as cinco sub-regiões com preços medianos da habitação mais elevados – Grande Lisboa, Algarve, Região Autónoma da Madeira, Península de Setúbal e Área Metropolitana do Porto – apresentaram também os valores mais elevados em ambas as categorias de domicílio fiscal do comprador (território nacional e estrangeiro.
As sub-regiões com preços medianos da habitação mais elevados apresentaram também os valores mais elevados envolvendo compradores com domicílio fiscal no estrangeiro e em território nacional: Grande Lisboa (4 985 €/m2 e 2 734 €/m2, respetivamente), Algarve (3 155 €/m2 e 2 539 €/m2), Região Autónoma da Madeira (2 443 €/m2 e 2 006 €/m2), Península de Setúbal (2 263 €/m2 e 1 976 €/m2) e Área Metropolitana do Porto (2 695 €/m2 e 1 827 €/m2
Quatro das cinco sub-regiões com preços medianos da habitação mais elevados apresentaram também preços superiores ao do país considerando as duas categorias do setor institucional do comprador (famílias e restantes setores institucionais): Grande Lisboa (2 817 €/m2 e 2 674 €/m2 , respetivamente) e Algarve (2 666 €/m2 e 2 727 €/m2) – com valores superiores a 2 500 €/m2 em ambas as categorias – e Região Autónoma da Madeira (2 068 €/m2 e 1 895 €/m2) e Área Metropolitana do Porto (1 856 €/m2 e 1 790 €/m2). O Alentejo Litoral (1 684 €/m2 e 1 517 €/m2 ) também apresentou preços superiores ao nacional em ambos os setores institucionais e a Península de Setúbal superou a referência nacional no setor das famílias (2 029 €/m2 e 1 471 €/m2)..
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