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Foto do escritorHenrique Correia

Barreto e Albuquerque articulados para haver governo já e evitar eleições



O que parecia um "beijo de Judas" foi uma "mão de Deus" para um mesmo objetivo traçado por Barreto e Albuquerque: um novo governo já e um programa de governo, na Assembleia Regional, que ao abrigo do Estatuto Político-Administrativo, funciona como uma moção de confiança a esse novo Governo.




A posição do líder do CDS Madeira e parceiro de coligação governativa regional que veio a público exigir que o Representante da República assinasse já a demissão de Miguel Albuquerque sem mais esperas pelo Orçamento Regional, pareceu aquilo a que o povo diz de "facada nas costas" ou o "beijo de Judas", como disse Jardim na RTP Madeira, o antigo presidente que no dia seguinte "maneirou" a crítica porque deve ter falado com alguém que lhe disse não ter sido bem assim como parecia.

De facto, Barreto veio fazer o papel de "mau" depois de Albuquerque ter feito o papel de "bom" perante Ireneu Barreto, o Representante da República que fez ver ao demissionário presidente do Governo Regional a necessidade de se manter até à votação final do Orçamento Regional, no que Albuquerque concordou e até reforçou num "politicamente correto" sobre o problema que seria gerir o Orçamento por duodécimos. Puro consumo externo.

Como Albuquerque não podia surgir com entraves à pretensão do Chefe de Estado via Representante, e consciente que a cada dia que passa a coligação perde valor de forma acelerada, Barreto fez uma comunicação sem direito a perguntas, o que de certo modo indiciava a necessidade de evitar questões que pudessem eventualmente embaraçar a estratégia. Pediu a demissão imediata e um novo governo, modelo onde estará o CDS e o PAN na incidência parlamentar. E pressionava Ireneu Barreto de forma clara deixando-o sem alternativa.

Mas Barreto foi mais longe. Não só pressionou o Representante, como também lançou uma espécie de ameaça não fosse Ireneu estar a ponderar um qualquer braço de ferro. Disse o lider do CDS, recordemos: "Caso não sejam cumpridas estas exigências do CDS-PP Madeira, estaremos na liberdade de tomar todas as decisões e medidas que se mostrarem necessárias para o efeito pretendido, tudo no melhor interesse regional.

Mais se informa que o CDS-PP Madeira irá informar formalmente o Sr. Representante da República das suas intenções". Tudo combinado ao pormenor. Menos a informação formal que nunca chegou ao Representante e que agora Barreto diz levar quando for chamado ao Palácio. Quando for chamado, já estamos noutro patamar, estamos nas audiências com os partidos visando o próximo Governo com um líder que sairá esta quinta-feira do Conselho Regional do PSD, no Centro de Congressos da Madeira.

Esta noite, na CNN Portugal, Guilherme Silva foi a voz oficial do que se vai seguir: não se pode esperar pela disponibilidade de poderes do Presidente da República, que só depois de 24 de março recupera o poder de dissolução da Assembleia Regional. O antigo deputado social democrata madeirense, do tempo de Jardim, recuperou protagonismo, além da sua colaboração como advogado com o Governo. E disse que o próximo passo é a escolha do novo presidente do Governo, que vai formar um novo governo e apresentaro programa de Governo, que ao abrigo do Eststuto Político-Administrativo da Região, funciona como uma moção de confiança que tem aplicação garantida pelo PSD, CDS e PAN.

E assim, o que parecia um "beijo de Judas", foi uma "mão de Deus". De Barreto a Albuquerque. Ou do CDS ao PSD. Até porque se houvesse eleições antecipadas, provavelmente não chegaria o PSD, o CDS e o PAN para a maioria absoluta que hoje garantem juntos.

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