A chamada para a lista de autarcas em final de mandato procura estancar críticas internas. Emanuel Câmara responsabilizou Cafôfo pela ausência na lista em setembro de 2023. Vai agora.
Emanuel Câmara, antigo líder do PS-M e autarca em final de mandato, vai na lista de Cafôfo às Regionais de 26 de maio.
Num procedimento que os partidos, na generalidade, vêm adotando há algum tempo, em claro prejuízo da relevância dos órgãos próprios que funcionam um pouco como "figuras decorativas" do sim às decisões das lideranças, soube-se pelo Diário que o líder Paulo Cafôfo escolheu os autarcas socialistas Emanuel Câmara e Ricardo Franco para a lista de deputados à Assembleia Regional, cuja configuração pretende levar à comissão política, sendo outro nome o da deputada europeia Sara Cerdas.
Esta decisão vem, de forma clara, em primeiro lugar aclimatar tendências internas, em segundo "emendar" um evidente erro de avaliação da liderança de Sérgio Gonçalves, que antecedeu a Cafôfo na liderança do PS Madeira, que ao contrário do que fez o PSD, com sucesso, decidiu não incluir os autarcas em final de mandato nas listas que submeteu às eleições regionais de setembro de 2023.
Curiosamente, na altura, o agora escolhido Emanuel Câmara, que termina em 2025 o mandato na presidência da Câmara do Porto Moniz, por limite de mandatos, dizia-se
"surpreendido com a lista mas não atribui diretamente a responsabilidade a Sérgio Gonçalves, diz que o líder deu a cara mas a responsabilidade do próximo resultado eleitoral do PS "será de Paulo Cafôfo e Miguel Iglesias", que segundo Emanuel estarão na base da escolha dos nomes".
Na altura, Sérgio Gonçalves nem convite fez e desde logo deixou uma mensagem negativa na captação de votos para o PS Madeira naqueles concelhos onde tanto Ricardo Franco (Machico) como Emanuel Câmara (Porto Moniz) têm uma influência de liderança que deveria ter sido capitalizada de forma mais eficaz.
Não o foi na altura, mas é agora. Em política, o que hoje é verdade amanhã pode ser mentira. E a realidade de hoje, com Cafôfo na liderança, é a de apostar na convergência das tendências internas, com o objetivo de estancar críticos e tentar aproveitar um contexto em que o PSD Madeira, em Regionais, pode vir a ser penalizado com a perda de votos, mesmo que a vitória possa eventualmente acontecer.
A verdade é que o PS Madeira precisa de união interna e esta decisão de Paulo Cafôfo, que tem feito uma liderança pouco consensual internamente, pode vir a ganhar com esta cartada de dar as mãos a Emanuel Câmara, que dentro do PS Madeira tem uma faixa de apoiantes que pode, de algum modo, funcionar como mais valia nas Régionais.
Mais discreto é Ricardo Franco, mas com uma liderança forte em Machico. Os dois, podem contribuir para que o partido acalme divergências internas e possa, pelo menos disfarçar, algumas lacunas resultantes das escolhas e decisões da liderança.
Comments