"Não colocar os ovos no mesmo cesto" pode ser a estratégia do candidato à liderança do PS Madeira relativamente à disputa nacional para a "sucessão" de António Costa.
O povo sempre disse, no alto da sua sabedoria popular: "Não colocar os ovos no mesmo cesto", numa alusão de caráter financeiro, mas que pode ser aplicado a outros sectores, a política por exemplo, onde as estratégias são muitas, são voláteis, e tantas vezes não têm a lógica que possamos pensar que tem.
Ora bem, no caso do PS Madeira, existem dois enquadramentos a ter em conta nas estruturas regional e nacional, ambas numa lógica de eleições internas e a nacional com um propósito muito concreto de encontrar o lider, sucessor de António Costa, que irá concorrer às eleições nacionais antecipadas de 10 de março. É preciso muito cuidado, por parte da estrutura regional, para evitar qualquer incómodo na tomada de partido por uma candidatura que não venha a ganhar. Esta coisa da democracia e liberdade de e expressão, dentro dos partidos, é muito bonito, mas quem não estiver com o vencedor vai "penar" até vir outro.
Paulo Cafôfo já veio a público, no Diário, manifestar o seu apoio a José Luís Carneiro, o atual ministro da Administração Interna, por sinal um bom ministro, que quer ser líder do PS e para isso já apresentou a candidatura. Mas um bom ministro e um homem fora destes problemas do Governo PS pode não revelar nada junto dos militantes, que querem alguém empolgante, com discurso, no tom e na mensagem, querem alguém que levante os ânimos do partido, como por exemplo acontece com o outro candidato Pedro Nuno Santos, já foi ministro, já foi dos que deram problemas a António Costa, mas demitiu-se e tem isso a seu favor. Além de aparecer, nesta luta interna do PS com um capital de popularidade que dificilmente José Luís Carneiro poderá combater.
Com este cenário, Cafôfo corre o risco de apoiar um derrotado, o que não é bom para alguém que reentra no PS Madeira com o objetivo de fazer o que nunca foi feito, uma tarefa hercúlea, que é construir uma onda de vitória no PS Madeira. Começar a liderança com uma derrota interna nacional não é propriamente bom e era importante definir uma estratégia para minimizar este "conflito" que naturalmente Cafôfo sente neste processo.
Hoje, os matutinos ditos de "referência" dão conta que Miguel Iglesias, mais ou menos uma espécie de "braço direito" de Paulo Cafôfo, apoia Pedro Nuno Santos, diz mesmo que é o que reúne melhores condições para ser o futuro primeiro-ministro de Portugal. No Facebook, comenta: "Apoio Pedro Nuno Santos nas próximas eleições para Secretário Geral do PS. Tem a competência, a garra e o carisma que necessitamos para o grande desafio eleitoral que temos pela frente, para mobilizar os socialistas e apresentarmos um projeto que tenha a confiança dos portugueses. O Pedro Nuno Santos transmitiu-me o que pensa da Autonomia, e não tenho dúvidas que será um grande defensor das Regiões Autónomas".
Na mesma linha de apoio estão Miguel Silva Gouveia, Carlos Pereira e João Pedro Vieira, que também já manifestaram a preferência por Pedro Nuno Santos, que aparece como um candidato que, apesar de ter sido ministro de Costa, veio a ser um dos maiores críticos relativamente a muitas opções politicas, com clara discórdia sobre os contornos da privatização da TAP.
Não é líquido, portanto, que a linha de Cafôfo apoia Luís Carneiro e os outros apoiam Pedro Nuno Santos. Há aqui, salvo melhor leitura com dados desconhecidos, um posicionamento de Cafôfo que visa publicamente e a título de militante, apoiar Luís Carneiro, mas não deixando livre o acesso a Pedro Nuno Santos, com quem pode vir a ter que trabalhar no processo de liderança do PS Madeira, que para os objetivos propostos não pode desde já assentar em faltas de confiança entre o líder nacional e o líder regional. E parece que esta aparente divisão dos "ovos" em diferentes "cestos" pode ter a ver com os ciclos que se seguirão.
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