Henrique Correia
Cafôfo pede audiência ao Representante para falar da "Diáspora"
Enquanto presidente da Câmara sempre convidou o Representante para atos oficiais, enquanto líder do PS-M defendeu a extinção do cargo, enquanto secretário de Estado das Comunidades prioriza o sentido de Estado.

Arquivo DN/Lusa Festa do Monte 2018
Foto Homem de Gouveia
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, o madeirense Paulo Cafôfo, que já foi presidente da Câmara do Funchal e líder do PS Madeira, vem à Região falar com o Representante da República no âmbito da iniciativa "Ligar Portugal à Diáspora", já dada a conhecer no DN Funchal, que envolve visitas aos concelhos, encontros com órgãos de soberania e debates sobre as zonas de maior emigração madeirense. A audiência está agendada para 18 de maio às 9 horas no Palácio de São Lourenço.
Este pedido de audiência de Cafôfo surge naquilo a que podemos chamar de "terceira vida" de Cafôfo no seu relacionamento com o Representante da República em diferentes funções que desempenhou até ao momento no percurso político, sabendo-se a contestação que o cargo de Representante suscita e o longo debate, sempre presente, sobre a efetiva relevância dessa figura num quadro autonómico, ainda que no caso de Ireneu Barreto, também ele um madeirense, ainda por cima natural de uma zona de forte emigração, a Ponta do Sol.
Mas "pesquisando" naquilo que a memória permite e os dados ajudam, Paulo Cafôfo, na maior parte das vezes, demonstrou reconhecimento público ao Representante, o que nem sempre acontece em situações em que a sua presença impede, por razões protocolares, de dar primazia ao presidente do Governo e a opção menos incómoda é não convidar o Representante, como aliás fez Pedro Calado no Dia da Cidade, ao contrário do que aconteceu com Paulo Cafôfo que sempre convidou Ireneu Barreto para a cerimónia.
Cafôfo presidente da Autarquia sempre teve esse "cuidado" institucional e em diversas outras ocasiões, designadamente numa deslocação de António Costa à Madeira, convidou o Representante para a inauguração da loja do municipe, para o lançamento da primeira pedra de um bairro camarário nos Viveiros e para (Re)inauguração do Lido.
Mas se verificarmos a postura de Paulo Cafôfo enquanto líder do PS Madeira, a situação muda de figura, o que muitos atribuem a posicionamentos distintos, numa vertente mais partidária, levando-o inclusive a defender a extinção do cargo. Não é incompatível convidar Ireneu para cerimónias públicas e defender a extinção do cargo, mesmo investido de funções diferentes. E também não podemos comparar o incómodo de convidar Ireneu para o Dia da Cidade sendo Pedro Calado a fazê-lo retirando protagonismo ao "seu" líder, do PSD, com idêntica decisão de Cafôfo que era oposição a Albuquerque. Mas claro que o convite tem um significado institucional que na altura Cafôfo decidiu mostrar.
Agora como secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo inclui Ireneu Barreto nos contactos, num contexto em que a componente institucional volta a estar mais em foco devido às funções e ao sentido de Estado, além de que a iniciativa envolve contactos com as entidades na Região, entre elas o Representante da República.