Henrique Correia
Calado explica melhor: o Estado que altere leis para pôr tropa e GNR a patrulhar
Qualquer das alterações exigidas ao Estado, para o caso do patrulhamento do Funchal, a mais difícil de resolver é a parte do Exército, a mais fácil é relativamente à GNR.

As declarações do Presidente da Câmara do Funchal ao JM, visando explicar melhor a defesa do patrulhamento da cidade por parte do Exército e da GNR, foram esclarecedoras e assim já é possível perceber melhor o pensamento de Pedro Calado sobre atribuições de cada força policial e a mensagem política que não assenta no desconhecimento mas sim numa dialética do "resolvam" de qualquer forma e alterem o que for preciso mesmo que neste momento não seja possível do ponto de vista legal. E sendo assim, remetendo para o Estado, entende-se o desabafo. Se a polícia não dá conta da segurança do Funchal, por falta de meios, então ponham o Exército ou a GNR a ajudar no processo. Não pode ser com a atual legislação, alterem o que for preciso. Assim, dito desta forma, estamos entendidos quanto ao propósito de Pedro Calado.
Mas o presidente da Autarquia mantém o Exército como um dos focos, sendo que se compreende, também, que não possa alterar o que tem dito, mas agora dá um grande enfoque também à GNR. Porque de facto, qualquer das alterações exigidas ao Estado, para o caso do patrulhamento do Funchal, a mais difícil de resolver é a parte do Exército, a mais fácil é relativamente à GNR. Porque para o Exército vir para a rua patrulhar, só em estado de calamidade e circunstâncias muito especiais, de ajuda, como aconteceu no 20 de fevereiro, ou por alteração constitucional. E a haver patrulhamento, com estas caraterísticas de segurança, nunca seria desarmado, como Calado deixa transparecer.
Quanto à GNR, além de a tutela ser a mesma da PSP, o Ministério da Administração Interna, o que não acontece com o Exército que é da Defesa Nacional, seria mais exequível, do ponto de vista legislativo, permitir a ação da GNR em áreas urbanas que hoje são da exclusiva responsabilidade da PSP. E assim complementava esse patrulhamento com o contingente regional, que é de 200 efetivos, que se juntariam aos cerca de 800 da PSP.
Pedro Calado manifestou-se, ainda, crítico sobre o quadro de informações geradas pela comunicação na internet, nas chamadas redes sociais, curiosamente o mesmo espaço onde se encontram os jornais a papel e as próprias páginas oficiais das Câmaras e do Governo, até pessoais, onde se mistura tudo, a qualidade com a falta dela, as palavras e atitudes mal intencionadas com as críticas com fundamento, muitas delas os órgãos de referência não fazem, porque não podem fazer, sendo que se percebe o incómodo que algumas observações "fora da caixa" possam suscitar em quem governa. Que obviamente não deve governar pelas redes sociais, como não deve governar pelos jornais.