Contornos do Dia da Cidade evitam protagonismos impostos pelo protocolo e assim o melhor é não convidar nem José Manuel Rodrigues nem Ireneu Barreto.

Há anos que não acontecia. O Dia da Cidade do Funchal, a 21 de agosto, será presidido pelo presidente do Governo Regional, que vai intervir depois de ter estado oito anos ausente em virtude da governação autárquica não ser do PSD. Volta tudo como era no tempo de Jardim. E para isso acontecer, o Representante e o presidente da Assembleia não são convidados, tal como de resto acontecia na governação jardinista.
A verdade é que fontes ligadas ao processo, no âmbito parlamentar, interpretam esta atitude de Calado como uma estratégia que visa privilegiar o protagonismo de Miguel Albuquerque, sendo que tanto a Assembleia como o Representante, se estiverem presentes, têm supremacia protocolar sobre o presidente do Governo, situação que colocaria o presidente da Câmara numa posição delicada de secundarização do líder governamental regional.
Além disso, adiantam, há uma clara intenção de não dar a palavra a José Manuel Rodrigues, normalmente um bom orador, sobretudo num contexto em que o CDS parceiro de coligação também na Câmara, já o é apenas de nome no elenco executivo atendendo a que os vereadores são todos do PSD por saídas sucessivas de eleitos do CDS. Rodrigues fica, assim, de fora dos discursos e da cerimóniaem si. E para não haver equívocos que um convite traria, a solução mais simples é não convidar.
É verdade que na vigência de Miguel Gouveia, o anterior presidente, os convites eram feitos mas tanto o Representante como a Assembleia e o Governo não eram escalonados para os discursos, sendo que em alguns casos a opção foi declinar o convite e não estar presente. Ficava resolvida a falha protocolar do uso da palavra. Uma situação que não era seguida por Paulo Cafôfo que sempre deu a palavra aos titulares ou representantes dos órgãos regionais e ao Representante da República.
Agora, Calado retoma modelos passados e de uma assentada "mata" dois problemas: eleva o papel de Miguel Albuquerque transmitindo a mensagem que o silêncio que tevecno Chão da Lagoa não teve nada a ver com o líder do partido, e ao mesmo tempo retira José Manuel Rodrigues de circulação momentânea evitando assim a possibilidade do discurso levar algum cunho de alerta ou de crítica ao Governo, como às vezes acontece nas intervenções do presidente da Assembleia.
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