"Ainda vai a tempo , espero que submeta a sua própria moção de censura . Apelo aos dirigentes do PS M para actuarem neste sentido".
A política madeirense anda pelas "horas da amargura" e tem vindo a deteriorar-se ao longo dos últimos anos, o que de certo modo explica a instabilidade verificada com os sucessivos atos eleitorais e sobretudo com o comportado eleitorado, que tem atribuído a governação ao PSD, mas tem afirmado também a necessidade de um escrutínio apertado dessa mesma governação sem maioria absoluta.
Aquilo que os votos têm dito é que o eleitorado "experimentou" o protesto pelo CHEGA, deu confiança e peso parlamentar ao JPP e deixou pouca margem ao principal partido da oposição, que ainda tem esse estatuto mas que já deveria estar num outro patamar que lhe permita chegar aos eleitores com uma alternativa de quase vitória, o que neste momento se afigura difícil sem a existência de uma reviravolta dos eleitores, idêntica por exemplo à que conduziu Paulo Cafôfo à liderança da Câmara do Funchal, sendo certo que Cafôfo perdeu popularidade relativamente ao tempo da Câmara e também relativamente ao resultado de 2019, aí sim uma oportunidade única e perdida por um triz.
Daí para cá, o PS respondeu à descida do PSD com a sua própria descida. Respondeu às divergências internas do PSD vivendo, ele próprio, divergências internas, quando numa conjuntura de Governos PSD com quase 50 anos, o PS deveria ter outro patamar para apresentar ao eleitorado. Para o PS atingir os seus objetivos, com outras garantias, seria necessário o melhor PS de sempre contra o pior PSD de sempre. O PS teria que ser capaz de capitalizar os "tiros nos pés" do PSD e não responder, ele próprio, com "tiros nos pés". As unanimidades das comissões políticas, que vêm camuflando divisões, querem dizer zero sobre tudo, as comissões não questionam, cumprem a voz do líder e dão a falsa ideia de que tudo está bem como está. Mas não está, nem no PSD nem no PS, por isso os eleitores procuram terceiras vias com o que há.
Quando o PS-M deveria estar com um projeto forte contra a fragilidade do PSD-M, eis que surgem diferentes posições sobre o sentido de voto à moção de censura. Há socialistas que defendem uma moção socialista e não o apoio à noção do CHEGA, talvez não contando que a chumbar a iniciativa do CHEGA também poderia ter o chumbo do CHEGA numa sua moção, o que como se sabe também não era bom.
O antigo presidente do PS Madeira Carlos Pereira, conhecido crítico da liderança de Paulo Cafôfo e figura da frente num projeto para uma futura liderança do partido, escreveu recentemente, no Facebook, que
"a afirmação da liderança da oposição exige que em todo e qualquer momento saiba responder, da melhor forma e com coerência, às preocupações dos eleitores . Perante uma hecatombe governatjva, o PS M deve responder com sentido de responsabilidade , revelando capacidade política para entregar a confiança que os eleitores precisam . Se é certo que pudesse ser avisado tudo fazer para garantir um ORAM para 2025, também é verdade que as agendas políticas são dinâmicas pelo que a forma correcta de se posicionar, perante os anseios das populações, seria apresentar a sua própria moção e garantir que este governo não maltratava mais os madeirenses. Desta forma seria coerente com as duras críticas ao Chega, mas sobretudo dava a resposta certa e adequada à situação política . Ainda vai a tempo , espero que submeta a sua própria moção de censura . Apelo aos dirigentes do PS M para actuarem neste sentido e assim garantirem o controle político da oposição .
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