Henrique Correia
Carlos Pereira quer melhor gestão da dívida de 5,1 mil milhões por culpa de Jardim
"Todos os anos, a Região paga entre 300 a 400 milhões de euros de serviço da dívida. Uma situação que ainda se agravou com a pandemia"

O deputado socialista Carlos Pereira veio hoje a público defender que a Região devia
"aprofundar a cooperação com o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, para assegurar melhores condições de gestão da dívida regional, ao invés de estar a contratar empresas privadas para o efeito. É para isso que vai apresentar uma proposta.
O parlamentar lembra que "a dimensão da dívida da Madeira é muito significativa, ascendendo a 5,1 mil milhões de euros, ou seja, mais de 100% do PIB da Região", referindo ainda "um dos aspetos mais complexos e que afetam a vida das pessoas e a governação é consequência das opções tomadas pelo Governo de Alberto João Jardim, que conduziram à “enorme dívida da Região Autónoma da Madeira”.
Tal como referiu o deputado socialista, este fator é muito limitativo da necessidade que a Região tem de combater a crise económica que vivemos. “Sabemos hoje que há muitos meios financeiros que estão disponíveis para ajudar a combater a crise, mas já percebemos que a Madeira tem uma dificuldade de margem de manobra de atuar com políticas públicas anticrise, porque, na verdade, tem um peso da dívida que é muito relevante no orçamento regional”, adiantou, acrescentando que, todos os anos, a Região paga entre 300 a 400 milhões de euros de serviço da dívida. Uma situação que ainda se agravou com a pandemia.
O também vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS na Assembleia da República explicou que o Governo Regional tem vindo a contactar e a contratar empresas privadas – consultores – para apoiar na gestão da dívida, mas considerou que é preciso mudar esta lógica. “É muito mais adequado aprofundar o relacionamento da RAM com o instituto que faz a gestão da dívida pública portuguesa – o IGCP – no sentido de partilhar conhecimentos técnicos, mecanismos e instrumentos para ajudar a boa gestão da dívida pública da Madeira”, afirmou.
Tal como vincou Carlos Pereira, não é razoável que a Região contrate entidades externas para conseguir melhores juros, melhores condições e outros mecanismos de financiamento, quando isso “pode muito bem ser apoiado de forma competente e com bons resultados – provavelmente até melhores – com o aprofundamento da parceria com o Ministério das Finanças no que diz respeito ao instituto que gere a dívida pública portuguesa”.