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  • Foto do escritorHenrique Correia

Ciberataque: sem aproveitamentos mas sem condicionar questões




Se o objetivo da Madeira do futuro é a transição digital, se o mundo já é tão sofisticadamemte digital, o que será preciso para o SESARAM ter um sistema sofisticado para defesa de dados dos utentes.



Foto DR.


O ciberataque ao Serviço de Saúde da Região é uma situação gravíssima, deve ser, como parece estar a ser, devidamente investigada pelas entidades policiais, e deve haver consequências relativamente ao autor ou autores deste crime. Foi um crime, deve ser entendido como tal dada a gravidade de atingir dados sigilosos de utentes e das respetivas fichas clinicas. Não devia ter acontecido, mas aconteceu, o mundo digital está sujeito a estas "invasões" que podem colocar em causa todos os sistemas adotados para defender os dados e garantir segurança. O SESARAM está vulnerável, os utentes estão expostos e a par das comunicações, dos sistemas financeiros e de segurança, além dos transportes, não haveria outro setor tão importante para ser atingido como o da Saúde, com a agravante de se tratar de informações sobre pessoas, sobre tratamentos, sobre exames, sobre a vida.

É claro que o ciberataque deve ser averiguado ao pormenor e também concordamos que, neste momento, em contexto pré eleitoral, era importante haver um pacto político entre as forças em presença para atuar, concertadamente, visando resolver o problema o mais rápido possivel para restituir a confiança neste setor. Mas um entendimento político não se faz nem com esses aproveitamentos por parte das oposições, nem com atitudes do Governo que tenham como objetivo evitar questões sobre o assunto, questões legítimas para que todos possam entender o que aconteceu e o que está a ser feito.

O Dr. Miguel Albuquerque disse, um destes dias, que o SESARAM não tinha um sistema sofisticado de cibersegurança. Disse que estruturas como estas, normalmente, não têm. Criticou quem aproveita o assunto para fazer política. E disse que não vai ceder a chantagens por parte dos "intrusos".

Muito bem, estando de acordo com a questão dos aproveitamentos e da firmeza face às chantagens, julgo que existem algumas questões que se devem colocar num contexto destes e não deve haver reservas nem nessas questões nem nas respostas. O facto de se questionar o que aconteceu e a razão pela qual aconteceu, não pode ser interpretada como aproveitamento e até pode ser entendido como uma tentativa para condicionar as opiniões e as questões sobre um tema sensível como a Saúde. Se as autoridades não querem que se questione, é por terem algo a esconder ou é por não terem acautelado uma área tão determinante por falta de meios sofisticados? Certamente que não será por isso, mesmo que pareça. Se aconteceu neste momento, as questões surgem neste momento existam ou não eleições em setembro. Sem aproveitamentos, mas também sem condicionar, do género "agora é só peritos informáticos" ou "todos percebem de informática para comentar". Não é preciso, basta liberdade de expressão desde que existam dúvidas colocadas com bom senso, mesmo sem conhecimento técnico.

E uma questão que deve ser colocada é a razão que leva um Serviço de Saúde a não ter um sistema sofisticado de cibersegurança? Se o objetivo da Madeira do futuro é a transição digital, se o mundo já é tão sofisticadamemte digital, o que será preciso para o SESARAM ter um sistema sofisticado para defesa de dados dos utentes.

Claro que pelo mundo há serviços sofisticados que são informaticamente invadidos. E mesmo que o SESARAM tivesse essa defesa toda, este ataque poderia ter ocorrido. Mas o que se estranha é ninguém ter pensado nisso antes para que não venham agora, com o caos instalado, "descobrir" um investimento para dar a segurança que faltou.

Agora, é correr atrás do prejuízo e esperar que não existam mais consequências do que um Serviço a funcionar a meio gás e com os utentes de um canto para outro sem saber o que fazer. E pedir a um utente que leve exames que fez, só se os fez no privado, porque no público não fornecem resultados aos utentes, está no acesso dos médicos e alguns nas fichas clínicas.

Por estas e por outras, sem aproveitamentos, é preciso continuar a questionar.

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