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Foto do escritorHenrique Correia

Claro que a Direcção de Cultura só pode chumbar o estacionamento na Praça


O parecer da Direção Regional de Cultura, agora com novo responsável, Medeiros Gaspar, não pode ser favorável a este "desastre".




A um ano das eleições autárquicas e com Cristina Pedra de saída, porque não será ela o candidato do PSD ao Funchal em 2025, além de que ninguém garante que esse candidato do PSD vença as eleições, é preocupante a insistência, por falta se senso, no estacionamento subterrâneo na Praça do Município, como hoje foi trazido a público nas páginas do Diário. É um assunto demasiado sério, demasiado discutível de todos os pontos de vista, da obra em si, da envolvente histórica da zona e da estratégia de mobilidade do Funchal, para ser tratado com esta leveza como se fosse um objetivo prioritário para a cidade. Nem sei como é possível essa ideia peregrina ter chegado até aqui.

Como recordou, e bem, o historiador Nelson Veríssimo, que hoje lembrou um artigo escrito em 2021, no Funchal Notícias, "não se trata de uma ideia nova. Nas eleições autárquicas de 2005, por exemplo, o PS incluiu, no seu programa, a construção de um parque de estacionamento público na Praça do Município, então contestado pelo PSD, que candidatava Miguel Albuquerque à Camara do Funchal. Dezasseis anos depois, vem Pedro Calado apresentar, como grande novidade, uma proposta infeliz do “Funchal para todos: um projecto do PS para a cidade do Funchal”. Todavia, enquanto a lista socialista, liderada por Carlos Pereira, sugeria, em 2005, a construção de 600 lugares de estacionamento, o candidato social-democrata aponta agora 1500". Ou seja, a "insanidade" começa a ser transversal enquanto se brinca aos partidos. E com a História. E com as pessoas.

Nelson Veríssimo escreveu, ainda:"A Praça do Município, tradicional e popularmente denominada como Largo do Colégio, é um espaço nobre da cidade do Funchal.

Três edifícios sobressaem neste Largo: o antigo Colégio da Companhia de Jesus com a invocação de São João Evangelista, os Paços do Concelho e o antigo Paço Episcopal, atualmente Museu de Arte Sacra, com fachada voltada para a Rua do Bispo. O primeiro está classificado como monumento nacional e o antigo Paço Episcopal como imóvel de interesse público".

E diz mais: "A escavação da praça, até uns 35 metros de profundidade, para os vários pisos do parque de estacionamento, com trabalhos de desmonte e movimentação de materiais geológicos (solos e rochas), e as drenagens constituem um risco para os edifícios históricos da vizinhança, nomeadamente para a Igreja do Colégio, o Museu de Arte Sacra e outras edificações antigas da Rua do Bispo. Acrescem efeitos negativos sobre os acervos da Igreja do Colégio e do Museu de Arte Sacra".

Mas há uma esperança, que também pode ser a "salvação" da Câmara para não ficar "entalada" com essa promessa não cumprida. O parecer da Direção Regional de Cultura, agora com novo responsável, Medeiros Gaspar, não pode ser favorável a este "desastre". E se assim for, com o parecer negativo, deixa de haver promessa, incumprimento e estacionamento para escavacar uma zona emblemática.

Pensem em modernizar a cidade com outras ideias. Não deve faltar criatividade.




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