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Coligação insuficiente precisa de se "coligar"...

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • 25 de set. de 2023
  • 3 min de leitura


Miguel Albuquerque explicou o que quis dizer com "demito-me sem maioria absoluta". O que quis dizer, agora, é que se demite se não conseguir formar uma solução de maioria absoluta.




Miguel Albuquerque ganhou as eleições regionais mas tal como em 2019 não conseguiu a maioria absoluta. Só que agora falha o objetivo coligado com o CDS, o que significa que para manter a governação precisa de ajuda, falta-lhe um deputado e a Iniciativa Liberal vem mesmo a calhar.

Nos próximos dias 27 e 28 de setembro, o Representante começa a ouvir os partidos tendo em vista convidar o partido vencedor a indicar o presidente, sendo que depois segue-se a nomeação dos secretários também pela mão de Ireneu Barreto por proposta do presidente indicado.

Ontem à noite, Albuquerque falou à Região já com uma solução na manga, sem dizer qual, mas deixando a ideia clara de um acordo de incidência parlamentar, ainda que tenha sempre manifestado a sua relutância em acordos parlamentares.

Mas quem foi mais claro foi Rui Rocha, o líder da IL, Disse quase tudo sobre a sua disponibilidade. Quase tudo e até abriu portas a integrar o Governo, até porque Albuquerque ainda recentemente mostrou reticências nos acordos. Não surpreenderia se este entendimento para negociar, logo na noite eleitoral, estivesse ligado a objetivos nacionais com o PSD de Montenegro, mesmo sabendo-se que as divergências políticas na Região são muito diferentes pelas especificidades regionais que Nuno Morna, o cabeça-de-lista eleito, tanto apontou na campanha, onde desenvolveu uma estratégia de combate ao poder instalado, aos interesses e às cumplicidades resultantes de meio século com a governação de sentido único.

Ontem à noite, Miguel Albuquerque explicou o que quis dizer com "demito-me sem maioria absoluta". O que quis dizer, agora, é que se demite se não conseguir formar uma solução de maioria absoluta, uma "adaptação" que não admite diretamente mas também explica:

“Não posso defraudar as expectativas da expressiva maioria que votou na coligação SOMOS MADEIRA. Durante a campanha, disse uma frase muito clara: que só governaria a Madeira com uma maioria absoluta, para garantir a estabilidade e é isso que vou fazer”.

Mesmo sem fazer a festa habitual na noite das eleições, Albuquerque, lembrou que a coligação venceu nos 11 concelhos e em 52 das 54 freguesias e que "este resultado representa uma votação expressiva dos Madeirenses à qual não vai deixar de corresponder, comprometendo-se a apresentar, ainda esta semana, um governo de maioria parlamentar".

Sem pestanejar: “Estou em condições de apresentar um governo de maioria parlamentar", embora também diga, para não fugir muito à coerência, que se "demite caso não consiga realmente assegurar uma solução desta natureza". O que sabe que não vai acontecer porque "já foram tomadas diligências nesse sentido e que nos próximos dias, ainda esta semana, haverá novidades nesta matéria".

Nesta equação negocial, claro que o CDS fica numa posição mais difícil para ter poder negocial, sobretudo relativamente à liderança do Parlamento. Mas também é verdade que neste enquadramento, três dos 23 deputados eleitos pela coligação são do CDS, o que é um poder efetivo em termos de parlamento mesmo especulando-se sobre se era possível eleger 3 deputados se o CDS fosse sozinho a eleições. Albuquerque precisa do apoio do CDS no Parlamento, até porque a coligação extingue-se com o final das eleições. E Albuquerque também não pode, por isso, "esticar a corda" por muito irritado esteja.

Mas também é preciso dizer que Miguel Albuquerque registou uma boa vitória que não pode ser menosprezada e é de relevar esta conquista do PSD que parece desgastar pouco em 50 anos de poder. E além disso, sem esta solução de governo, só mesmo novas eleições, uma vez que o resultado do PS, um mau resultado a perder 8 deputados, não deixou margem de manobra para pensar em supostas "geringonças" à esquerda, onde a união de forças daria, no máximo, 19 deputados. Para pensar nisso, era preciso muito mais PS, que saiu derrotado e deverá repensar, uma vez mais, a sua liderança e o seu projeto, mesmo que os partidos não possam andar a mudar de liderança de dois em dois anos.

 
 
 

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