As festas ajudam a dar vida ao centro, os Altares de São João são importantes para prolongar a vida da cidade, mas esta parte do Funchal precisa de uma vida "viva" regular, que chame gente e não afaste gente.
Há algum tempo que não passava pela nobre zona da cidade do Funchal entre a Praça do Carmo e o Mercado dos Lavradores ao final da tarde. De manhã, de tarde, tudo bem, há problemas que se avolumaram depois da pandemia, há insegurança de certa forma atenuada com um policiamento que neste momento é maior apesar de não sabermos muito bem como foi possível, de um dia para o outro, encontrar meios de patrulhamento mais regulares sem ser preciso o reforço da GNR, cuja presença ajudava mas a burocracia e o excesso de comissões de avaliação impedem.
Mas ao fim da tarde está dificil esta zona do Funchal. Para a polícia, não se vê facas, não se vê armas de fogo, não se vê ninguém com a cabeça partida ou roubado, está tudo bem, temos cidade segura do ponto de vista de visão policial, temos segurança do ponto de vista politicamente correto da Política que não pode descredibilizar as polícias, e faz bem porque realmente a polícia deve ser defendida para evitar que o mal fique pior. Mas com esse "dever" protecionista, deita-se a realidade para debaixo do tapete.
O cidadão normal, que só quer sentir segurança, sente-se incomodado com esta parte da cidade ao final da tarde. E nem foi preciso muito, ainda nem tinha batido as 19.20 horas e as ruas estavam desertas, aquele perímetro Praça do Carmo/Liceu, é para andar com cuidado, parece Lisboa de antigamente ao fim de semana, em que as ruas estavam desertas e havia ajuntamentos que só afastavam as pessoas da cidade, hoje movimentada de manhã à noite. O Funchal, sobretudo esta zona, é preocupante depois das sete da tarde. As festas ajudam a dar vida ao centro, os Altares de São João são importantes para prolongar a vida da cidade, mas esta parte do Funchal precisa de uma vida "viva" regular, que chame gente e não afaste gente, é importante garantir que a zona nuclear da cidade tenha alegria e segurança, vida de cidade turística, para mais agora que temos um turismo intenso e diversificado.
Mas esta vida de cidade não se faz por Decreto, não se faz só com festas, sendo estas importantes e iniciativas válidas, faz-se de criatividade, de iniciativa que vá além das montras, dos prémios e dos cupões em tômbolas. Não se faz só de apartamentos a preços especulativos, muitos não correspondem a vivências regulares na cidade, faz-se de vidas que vivem na cidade e que são da cidade, que dêem "chama" à cidade juntamente com o turismo, justificando bares e restaurantes abertos, lojas de porta aberta até mais tarde. É preciso fazer mudanças na cidade sem mudar a cidade. E sobretudo fazer com que haja confiança nesse percurso de cidade.
Mas a confiança não se faz com a Rua emblemática da cidade, a Rua Dr. Fernão de Ornelas, deserta às sete da tarde, onde as "atrações" são no sentido de afastar as pessoas e não de trazê-las para a cidade.
A continuar assim, nem o maior Santo da História salva esta cidade outrora com crédito de segurança no topo.
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