Henrique Correia
Conselheiro na África do Sul critica Portugal por não reconhecer médicos portugueses
José Nascimento: "O Governo português deve reconhecer os profissionais de saúde que são portugueses e que pedem há anos o seu reconhecimento profissional no país"

"O Governo português deve reconhecer os profissionais de saúde que são portugueses e que pedem há anos o seu reconhecimento profissional no país". É assim que José Nascimento, conselheiro da Diáspora madeirense, figura de prestígio na África do Sul, coloca o "dedo na ferida" num momento em que o Governo português, em contexto de pandemia, deixou aberta a possibilidade de contratar reformados e médicos com curso no estrangeiro e já recebeu apoio de 26 profissionais de saúde da Alemanha.
Em declarações à Lusa, este filho de madeirenses, advogado, questiona: "Como é que os alemães ultrapassam a Ordem dos Médicos, há critérios diferentes?...Um dos requisitos que a Ordem exige para que os profissionais lusodescendentes não residentes sejam reconhecidos profissionalmente no país é o domínio da língua portuguesa".
José Nascimento considera que "esta questão de não quererem reconhecer os profissionais de saúde portugueses que se formaram na diáspora é muito séria, estão a morrer portugueses, estamos a pedir auxílio a outros países, os profissionais de saúde nos hospitais dizem na televisão que não têm recursos humanos, que não aguentam tanto trabalho, andam a dizer isso há tanto tempo".
A notícia da Lusa sublinha que há mais de 200 profissionais de saúde portugueses e lusodescendentes, falantes de português e espanhol, que não são reconhecidos profissionalmente em Portugal pelas respetivas Ordem dos Médicos e Ordem dos Enfermeiros, facto que o conselheiro português considera suscetível de expor o Estado a futuros "processos por danos".
"É ter recursos e não os usar em tempos de crise onde morrem pessoas, não podem invocar desconhecimento de causa, porque esta questão aparece todos os dias na televisão", frisou à Lusa o advogado e conselheiro da diáspora madeirense na África do Sul.
"Existe um dever e uma obrigação nestas circunstâncias de o Governo salvar vidas, a Assembleia da República pode legislar para remediar a situação e ultrapassar a Ordem", adiantou José Nascimento, considerando a conduta das referidas ordens profissionais em Portugal como estando "acima do Governo".