Henrique Correia
Deputado do PSD-M quer acabar com os subsídios que o PSD-M dá
Carlos Rodrigues: "Se não sairmos deste ciclo vicioso seremos sempre uns coitadinhos que vivem de mão estendida e à míngua. Não há dinheiro para isto tudo e o contribuinte não pode pagar duas e três vezes pelas mesmas coisas".

Não é propriamente uma novidade um posicionamento em contraciclo com o status en vigor por parte do deputado Carlos Rodrigues. O estilo muito próprio, por vezes a "bater" no truculento, não lhe retira razão em muitas das observações que faz quando não entroncando nos contornos enviezados da política partidária que tolda is raciocinios em nome de uma suposta disciplina que apenas serve para ter a "clientela" debaixo de olho.
Carlos Rodrigues, à parte os "rótulos" traduzidos por uma ou outra posição fora da linha da razoabilidade, fez uma publicação que não deixa de ter grande pertinência num contexto em que vivemos de uma gigantesca subsídiodependência, por tudo e por nada, um modus operandi político de sempre, também na Região, agravado pela pandemia e agora pela guerra. Uma espécie de "saco sem fundo" nas despesas, sendo que visto pela avaliação superficial, faz sentido porque ajuda pessoas e as pessoas precisam de ser ajudadas. Pelo meio, vão muitas que precisam muito menos.
Mas além da posição do parlamentar, tem a particularidade de ser do PSD, o partido que tem governado a Região durante mais de quatro décadas e quase sempre com este plano do subsídio no topo das prioridades. Também por isso, ou essencialmente por isso, é preciso ter "tudo no sítio" para colocar em causa uma política do seu próprio partido, mesmo que nela encerre, também, uma crítica à oposição que, não obstante esta "avalanche", ainda pede mais, segundo acusa o deputado.
Carlos Rodrigues escreve que "o governo tem de subsidiar a cereja, a banana, a cana-de-açúcar, o tabaibo, a cebola, a semilha, o limão, o maracujá, a batata doce, a cenoura, a alface, a pera abacate, o araçá, a pitanga, a uva, o vinho, o rum agrícola, o atum, a espada, a ruama. Tem de subsidiar, tem de comprar o excesso de produção, tem de compensar as quebras de produção, subsidiar o combustível, isentar os impostos sobre o rendimento dessas actividades e quando se ouvem os actores principais, ainda é pouco".
Mas escreve mais: "Os alunos são cada vez menos mas o sindicato dos professores exige mais contratação de docentes. Os clubes cobram aos pais dos atletas a formação mas o governo tem de continuar a lhes dar dinheiro que dizem ser para essa tal de formação".
Não ficaram de fora os recentes reparos do Tribunal de Contas sobre a transparência contabilística das instituições que recebem subsídios da Segurança Social, mas cuja responsabilidade cai na Segurança Social: "As IPSS não publicam as suas contas, não cumprem os critérios que lhes são exigidos mas o governo tem de lhes continuar a subsidiar porque estas ameaçam parar as suas actividades. O tribunal de contas, por sua vez, culpa o governo pelas falhas dos recebedores de apoios".
Carlos Rodrigues sublinha que "o governo é a extensão da nossa sociedade, em democracia o governo somos todos nós porque foi a maioria que o escolheu. O dinheiro que usa é o nosso dinheiro, ou seja, somos todos nós que pagamos os subsídios da cereja, da banana, da cana-de-açúcar, do tabaibo, da cebola, da semilha, do limão, do maracujá, da batata doce, da cenoura, da alface, da pera abacate, do araçá, da pitanga, da uva, do vinho, do rum agrícola, do atum, da espada, da ruama e, depois, voltamos a pagar quando compramos esses produtos"
E aponta caminhos: "É tempo de evoluirmos e o que é mais caricato é que a oposição que crítica este modelo de desenvolvimento vem, todos os dias exigir que demos mais, subsidiemos mais, paguemos mais, contribuamos mais.
Se não sairmos deste ciclo vicioso seremos sempre uns coitadinhos que vivem de mão estendida e à míngua. Não há dinheiro para isto tudo e o contribuinte não pode pagar duas e três vezes pelas mesmas coisas".