Henrique Correia
Deputado socialista "faltoso" defende-se sozinho face ao silêncio do PS Madeira
Avelino Conceição: "Estive 35 dias de atestado médico, e por isso, não poderia estar presente no Assembleia Regional".


Publicação no Facebook do deputado Avelino Conceição.

Uma reportagem do DIÁRIO sobre os deputados que mais faltaram na última sessão legislativa da Assembleia Regional, está a dar que falar mesmo no interior do PS-M, uma vez que a bancada socialista sai muito "maltratada" pelos números de presenças, ou de ausências, melhor dizendo neste caso concreto. A informação adiantava que 73% das ausências em plenário correspondia a deputados do PS-M, o que, posto assim, com a frieza das presenças, não é bom para um partido que quer fazer "mais e melhor" e assumir-se como alternativa. Uma questão de exemplo.
A verdade é que desde logo surgiram reações, naturalmente do PS-Madeira, mas nas redes sociais, uma vez que o exercício do direito de resposta ou um eventual esclarecimento, quer do grupo parlamentar liderado por Rui Caetano, quer do próprio partido, liderado por Sérgio Gonçalves, não surgiram até ao momento, o que tem sido interpretado como uma atitude de "quem cala, consente" face à objetividade dos números, mas com a subjetividade de uma análise unicamente aritmética sem ter em conta situações que possam, de algum modo justificar pelo menos algumas dessas faltas.
O mais faltoso foi o deputado Avelino Conceição, uma figura que tem vindo, nos últimos anos, a estar no centro de algumas polémicas, mas que neste caso concreto já veio a público defender-se sozinho face ao silêncio do próprio PS-M, que deixa uma ideia de abandonar os deputados à sua "sorte" assumindo a verdade, nua e crua, dos números como irrefutável, condenável para a opinião pública.
Avelino Conceição escreve que foi surpreendido com a notícia sobre as faltas na Assembleia e estranha que no escrito "tenham sido justificadas as faltas duma deputada do psd , com um acidente" e não tenha havido o mesmo critério em relação a si. E explica: "Estive 35 dias de atestado médico, e por isso, não poderia estar presente no Assembleia Regional.
Com este tipo de notícias, realmente nem podemos dar o benefício da dúvida. Só não sei o porquê ou será que sei mas não digo?"
O parlamentar visado como o que mais faltas deu, deixou implícito que existem, neste contexto, alguns contornos que não são visíveis. Mas nos múltiplos comentários a este propósito, numa publicação de Sílvia Sousa Silva, partilhada por Duarte Caldeira, podemos colocar o foco numa posição esclarecida do socialista Pedro Fragoeiro, que toca "realmente" naquilo a que se chama de "ferida" sem o calor do mais fácil -apontar o dedo ao jornalista - feito por muitos militantes do PS. Fragoeiro escreve que "os deputados do PS Madeira colaboram (vendem-se) com os 2 diários do regime, por um artiguelho e uma foto, de vez em quando.
Estão à espera de quê?
Têm de optar entre guerra ou colaboração com os donos do regime. E deixar-se de lamúrias!".
Esta colaboração a que Pedro Fragoeiro se refere prende-se com uma prática enraizada, a que o PS há muito aderiu, de fornecer as suas informações aos jornais, em primeiro lugar, com visível primazia ao Diário, o que cobstitui prática corrente do PSD e também já de outros partidos. Razão pela qual haverá alguma relutância em assumir posições de força que eventualmente coloquem em causa expedientes futuros.
Quando se usa e abusa de um procedimento, é preciso estar preparado para o reverso da medalha. E o silêncio do PS-M pode ter a ver com isso. As cumplicidades têm estas coisas e, como diz o povo, quem anda à chuva...molha-se.