Presidente da Câmara de Santana só fala com Albuquerque se o líder do PSD lhe pedir apoio. Barreto diz que quem deve clarificar é Dinarte que sempre foi contra a coligação e votou a favor nos órgãos internos.
Quando o presidente da Câmara Municipal de Santana, do CDS, diz que a única pessoa a quem deve o respeito e cordialidade e que se lhe pedir apoio para as Regionais vai pensar mesmo a sério, é Miguel Albuquerque, líder do PSD e cabeça de lista da Coligação PSD/CDS às eleições legislativas, então é caso para dizer que está lançada uma grande dúvida sobre a relação futura com o líder do CDS Rui Barreto, que como se sabe é o número dois da coligação. Relações que nunca foram boas precisamente por divergências relativamente à opção centrista por este acordo com o PSD e que o autarca nunca defendeu. Mas que a situação estava assim, ninguém pensava. Agora sabe-se.
Em declarações à Antena 1 Madeira, Dinarte Fernandes deixa claro: a coligação PSD/CDS não precisa do seu apoio para ganhar, nem em Santana nem em qualquer lado. Não quer ser candidato a deputado, nem é essa a sua ambição, está focado no mandato autárquico e é esse o seu objectivo.
Mas é claro que Dinarte Fernandes teve uma declaração que se não resulta em ruptura com Rui Barreto anda lá perto. Quando diz que só apoia a coligação se o líder do PSD pedir, mesmo com o argumento, pouco válido, de Albuquerque ser o cabeça de lista e quem vai a eleições, Dinarte incorre numa posição que sem dúvida é ostensiva do ponto de vista da unidade partidária, no CDS, mas mais ampla, na coligação. É que sendo eleições legislativas, de escolha de deputados, todos vão a votos e não só Miguel Albuquerque, inclusive o líder do partido de Dinarte. Mesmo que nas eleições as pessoas escolham predominantemente pela figura central.
Outra questão, não menos grave, prende-se com o acordo de Coligação, ratificado pelo PSD e pelo CDS, cada um na sua esfera partidária. E cada um trata dos apoios internos de forma interna, sendo uma "arma de arremesso" um militante do CDS dizer que só fala com o líder do PSD, como de resto aconteceria com o seu contrário.
Dinarte sabe que as suas palavras têm um sentido e aqui não há grande margem para outra interpretação: desvalorizar o papel de Rui Barreto sobrevalorizando o de Miguel Albuquerque, a "única pessoa a quem devo respeito e cordialidade". E a Rui Barreto, o líder do "seu" partido? Não deve respeito e cordialidade? É uma dúvida perigosa lançada pelo presidente da única câmara do CDS, num concelho onde não há coligação.
É verdade que esta divergência entre Barreto e Dinarte sobre a coligação não é nova. O agora autarca teve vida difícil no partido por não alinhar com a maioria, o que de certo modo também aconteceu com Sara Madalena, vereadora do CDS na Ponta do Sol, no anterior mandato.
Mas desta vez, a posição de Dinarte faz mais mossa porque estamos em ano de eleições. E depois dos partidos terem apelado a uma unidade, cada um tratando da sua, este não deixa de ser um "rombo no barco" do CDS, ainda por cima correndo o risco de não conseguir "arrumar a casa" e precisar do líder do PSD para fazer o que não consegue, o apoio de um "peso pesado" do CDS.
Rui Barreto já disse, pela mesma via, que a coligação vai fazer campanha em Santana com ou sem Dinarte. E o líder refere um facto que deixa Dinarte numa posição suscetível de ser clarificada: quem tem que clarificar a posição é o Dinarte Fernandes, que sempre foi contra a coligação mas nos órgãos internos votou a favor da coligação. Não faz sentido vir pedir ao líder do PSD para lhe ligar a pedir apoio.
E Albuquerque? Obviamente, não tendo nada a ver diretamente com o assunto, se aceitar reunir com Dinarte Fernandes, "encosta" o CDS a um canto. E não fará isso.
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