Henrique Correia
Dr. Melim 2022: "A onda pandémica passou-nos por cima, não há muito a fazer"
Cada um que se cuide como puder e ainda bem que há quem alerte com esta frontalidade. Apareça sempre, Dr. Melim.

Sem desprimor para quem quer que seja na área técnica da Saúde na Região, acredito ter pessoas competentes e bem intencionadas, o Dr. Maurício Melim, que lidera a Unidade de Emergência em Saúde Pública, "contabiliza" uma boa "mão cheia" de intervenções públicas que nos têm trazido um quadro realista da situação, em contraponto com outros protagonistas com algum discurso que faz passar estes milhares de casos dos últimos dias entre o sim, não, talvez, relativamente ao que se passa e ao futuro.
Hoje, no Diário, o Dr. Melim diz que há muito pouco a fazer no que se refere com a estratégia que vinha sendo seguida de deteção dos surtos e um controlo de contacto com respetivos isolamentos. Com a média dos últimos dias, o cenário é este: "Andámos à frente da onda, agora a onda pandémica está a passar-nos por cima", diz o médico na entrevista concedida ao matutino, onde também discorda daquela ideia de imunidade natural da população, que até parece ser a ideia da Região quando passa Natal e final do ano praticamente sem medidas e nem as elementares foram cumpridas, como facilmente se viu, obviamente grande parte da responsabilidade da própria população num contexto de festa e relaxamento.
O Dr Melim diz: "Já não nos preocupamos muito em fazer o "trace" e o isolamento que fizemos durante muito tempo com sucesso. Agora é procurar perceber como é que a situação das pessoas está a evoluir, com uma atenção muito particular às pessoas mais vulneráveis, a quem é dada prioridade".
Para Maurício Melim, há dois factores que explicam a atual situação: a mobilidade das pessoas, as pessoas saíram, estão a socializar. O outro fator é a rápida transmissão desta variante. "Não há muito que se possa fazer", diz sem reservas, não diz propriamente que é deixar andar, como parece ser a estratégia, com responsabilidade, esperemos claro, é mais comedido nessa matéria e nem defende a imunidade natural que dizem que essa situação provoca, mas é realista na mensagem sobre aquilo que as pessoas devem estar à espera. Ou seja, a onda passou por cima, não temos o controlo que tínhamos antes. Assim, clarinho. A maior parte vai contrair Covid-19, muitos nem vão sentir, os tais assintomaticos, mas como diz Maurício Melim "lá está, nunca sabemos quem fica mais vulnerável com o vírus".
Ficamos a saber, agora, que cada um está quase por sua conta e risco, atendendo a este "tsunami" de Covid-19, que vai deixar a maior parte das pessoas bem, mas que leva algumas, não se sabe quantas nem quais.
Cada um que se cuide como puder e ainda bem que há quem alerte com esta frontalidade.
Apareça sempre, Dr. Melim.
Nota final: diz que há dificuldade de contactos, que não tem havido capacidade de resposta para tantas dúvidas. Uma outra frontalidade que muitos têm dificuldade de admitir.
Agora pergunta-se: face as incertezas as pessoas não deviam ter facilidade de contactos? Há mais casos, há mais contactos, há necessidade de reforçar meios. Não será isso?