Emanuel Câmara contratou viagem a empresa que organizou a de Albuquerque

Ajuste direto de 7.900 euros mais IVA.

O problema da política e, dentro dela, do poder, é haver poucas "folhas de serviço" limpas em matéria de expedientes utilizados para contentamento da "entourage" de cada um e do jogo de interesses que rodeia a atividade político partidária e que não tem, necessariamente, de se traduzir em ilegalidades. Na maior parte das vezes, o que está em causa são conflitos de interesses não puníveis nos impedimentos, ou então uma questão de ética, de inconveniência ou de bom senso, às quais também se liga pouco nos dias de hoje, sendo que o mais grave até chega a ser a ausência de espírito crítico das sociedades e dos eleitorados.

Veio esta semana a público, pela mão do JPP, uma decisão do tribunal dando dez dias ao presidente do Governo para mostrar as contas dos 110 mil euros, com IVA, pagos à empresa privada Rameventos para organizar a visita à Venezuela, em outubro de 2022.

Esta questão foi levantada, e bem, pelo JPP. Pediu documentos e não recebeu, recorreu ao tribunal e vai receber, um dia destes. Outra dúvida será onde publicar, como é hábito noutras situações, quando tiver em mãos esses dados. No JM? No Diário? Será curioso ver isso.

Mas a este propósito de viagens à Venezuela, estamos lembrados que depois da visita do presidente do Governo, registaram-se deslocações de vários presidentes de Câmara. Nem se pode dizer que eram todos do PSD, porque não eram. Na comitiva, estavam Pedro Coelho, Carlos Teles, José António Garcês, do PSD, mas também Emanuel Câmara, do PS e presidente da Câmara do Porto Moniz.

Pois bem, foi igualmente público que a Câmara do Porto Moniz adjudicou, por ajuste direto, à mesma empresa que organizou a visita de Miguel Albuquerque, a Rameventos, um contrato de 7.900 euros, a que acresce o IVA, para aquisição de serviços de organização de visita às comunidades madeirenses na Venezuela e EUA. Certamente por "falta de meios próprios" para esse efeito.