O povo vai colocar "ovos" em diversos "cestos" para ver se trava este sentido absoluto das atitudes e do sentimento de impunidade que o tempo no poder dá e que o muito tempo no poder vicia e perpetua.
Não é propriamente uma novidade a última somdagem conhecida da Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público sobre as intenções de voto nas eleições legislativas nacionais de 10 de março. Um empate técnico entre PSD e PS, com ligeira vantagem do PSD (29%) sobre os socialistas (28%), o que resulta na necessidade de uma "geringonça", falta saber se de direita se de esquerda.
As grande questões que se colocam, com esta sondagem, são pelo menos estas: porque razão o PSD não capitaliza a queda de 13 pontos percentuais do PS? Porque razão um partido que sofreu o desgaste que sofreu, com todos os casos conhecidos, com uma demissão do primeiro-ministro, ainda consegue andar lado a lado com a sua principal alternativa? Estará o eleitorado com a ideia de reforçar outros partidos como forma de reconhecimento que uma maioria assente em acordos permite maiores ganhos do que uma maioria absoluta de um só partido?
De facto, se atendermos bem aos acontecimentos verificados na República, a geringonça nascida de um acordo PS/BE/PCP foi muito menos polémica do que a maioria absoluta do PS. Suscetível de crítica, mas muito menos problemática em termos de casos de justiça. E talvez por isso, maioria absoluta não, parece dizer o eleitorado nas avaliações que podem ser aferidas neste momento relativamente a intenção a pouco menos de 4 meses de distância das eleições.
Por parte do PSD, a liderança de Luís Montenegro não tem muito tempo para ratificar grande coisa. Quem não gosta, não vai gostar nos próximos meses, ainda por cima, sejamos realistas, em dezembro ninguém quer saber de eleições. E apesar do Congresso de Almada ter dado uma "injeção" de energia e força ao líder, não há tempo para mudar muito, sendo verdade que o PSD pode muito ben ganhar as eleições, não porque suba muito, mas porque o PS desce muito. Mas dificilmente poderá governar sozinho, já há essa sensação e por isso mesmo pensa-se tanto em acordos à direita como à esquerda, porque esse deverá ser o cenário mais do que provável.
Quando Marcelo, antes da crise, alegou a falta de alternativa sólida a António Costa para não dissokver a Assembleia da República, estava no fundo a dizer que Montenegro precisava de tempo para se impor como líder do PSD. Passou entretanto muito tempo, hoje Montenegro pode ter mais algum crédito, mas continua a ter dificuldades e isso tem peso numa política, como a nossa, muito assente na pessoa, no candidato, até mais do que as medidas. E além disso, Montenegro está com dificuldade em explicar os méritos de Passos Coelho, sobretudo num momento em que se vai aprovar um Orçamento de Estado, do PS, com aumentos para a Função Pública, para os pensionistas, redução nos escalões do IRS, apoios a rendas e outros benefícios, que no fundo vão refletir mais rendimento. E nem a atualização do IUC avança, claramente por causa das eleições, mas seja como for não avança. Mas tudo isto deixa o PSD com pouca margem para ver o que pode dar que o PS ainda não tenha dado.
Por tudo isto, é melhor que os eleitores se preparem para um próximo governo de coligação, provavelmente com mais do que dois partidos. O povo vai colocar ovos em diversos cestos para ver se trava este sentido absoluto das atitudes e do sentimento de impunidade que o empo no poder dá e que o muito tempo no poder vicia e perpetua.
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