Até seria bom que além do JPP, todas as câmaras municipais do PSD, CDS e PS, também canalizassem verbas dos seus orçamentos para tirar os "seus" amigos das listas. São 11 câmaras, era capaz de resultar.
As listas de espera têm sido alvo de abordagem na pré campanha eleitoral, também será na campanha que começou domingo, de resto constitui tema fora da política junto de utentes e famílias que desesperam por soluções.
Nestas circunstâncias, é preciso cuidado na avaliação das temáticas, sobretudo quando estamos em ambiente de campanha eleitoral, caracterizado pelo calor do debate político e pela falta de discernimento na forma como ocorre a discussão pública, muito marcada pelas vertentes partidárias que, nestes momentos retiram credibilidade às reflexões, pela forma e pelo conteúdo, apesar da seriedade do que está em causa. O chamado aproveitamento político, dos partidos que expõem os assuntos e para os quais tudo está mal, e dos partidos que defendem o que em sua opinião só está bem. Pedir prudência em ambiente eleitoral, esqueçam.
Neste particular das listas de espera, é um assunto que merece debate sério e soluções sérias que não se compaginam com diversão eleitoral que, por norma, varre para debaixo do tapete o essencial e deixa para a dialética política o acessório. Sempre com a mesma tónica no sentido de a oposição dizer sempre mal e o governo fazer tudo bem. O que não é verdade, nem uma coisa nem outra.
A verdade é que o problema assume uma tal gravidade que até fica mal reduzi-lo ao debate político e às estatísticas de pequenos avanços para problemas grandes. Avanços que se reconhecem, mas que devem exigir uma permanente intervenção num contexto em que os planos de recuperação de cirurgias têm vindo a revelar-se insuficientes. E se assim é, seria talvez importante que a Saúde, como de resto a Habitação, fossem setores colocados à margem da "conversa política", uma espécie de pacto de regime envolvendo os partidos com representação parlamentar como forma de permitir que um problema dos madeirenses e da Madeira fosse encarado com soluções de madeirenses para a Madeira, sem partidarites primárias e inconsequentes que só contribuem para que estejamos a brincar com a vida das pessoas.
Temos um Serviço Regional de Saúde, na generalidade, com profissionais competentes, desde médicos a enfermeiros, passando pelos técnicos e pessoal assistente. Os problemas não passam por aí. Existe competência, como existe alguma incompetência, não há setores de competência a cem por cento. Mas o que não podemos fazer é usar os profissionais como arma política como se as críticas sobre as listas de espera sejam direcionadas para os profissionais quando são responsabilidade politica, no global, e do Conselho de Administração do SESARAM, no particular.
É importante tratar o assunto com elevação e seriedade. O Governo tem trabalho feito na redução das listas de espera, mas não é suficiente e certamente o Governo sabe disso esperando que a avaliação do assunto tenha em conta, também, o que foi feito além do que falta fazer.
Da mesma forma, a Câmara de Santa Cruz adotou uma política que é importante para muitos munícipes que se encontravam há anos em lista de espera. Pagou pequenas cirurgias, julgo ser o dinheiro melhor empregue e quem está à espera que o diga. Desvirtuou os critérios e as prioridades regionais relativamente às listas? Até pode ser que sim, mas resolveu o problema de pessoas. Foi para os amigos, como diz o PSD e faz mal ir por aí? Até pode ser. Mas se calhar, até seria bom que além do JPP, todas as câmaras municipais do PSD, CDS e PS, também canalizassem verbas dos seus orçamentos para tirar os "seus" amigos das listas de espera. São 11 câmaras, era capaz de resultar. E depois, a Região resolvia o problema dos que estão na lista e não têm amigos...
Esta é uma discussão ridícula e só mesmo explicada pela política. E claro que pedir consensos em matérias de interesse regional é pedir muito. A sugestão de Miguel Albuquerque de a Saúde ficar fora do combate político, até poderia ser positiva se fosse cumprida. E não é. Não tem sido. Mas era bom que fosse por estarmos a falar de Doença e de Saúde. Há coisa mais importante?
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