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Foto do escritorHenrique Correia

Era uma desgraça se não fosse o assistencialismo



Se não fosse o assistencialismo, isto era uma desgraça do ponto de vista social. Pior do que já é. Pode e deve ser diferente? Pode. Mas é preciso coragem e menos campanha eleitoral.



Vivemos num País assistencialista e numa Região assistencialista, subsidiodependente? Vivemos. Vivemos num País e numa Região de empregos precários, predominantemente do ordenado mínimo, da falta de trabalhadores e mesmo assim com as empresas rodando trabalhadores, bons ou maus, de seis em seis meses para contornarem maiores compromissos mas dando a ideia que o desemprego caiu a pique? E tratando candidatos e funcionários, precários, como uma parte do empresariado dito de sucesso trata abusivamente esta combinação oferta/procura . Além das formações do desemprego que fazem baixar números e das estruturas publicas que continuam como empregadores de topo, basta ir ao Jornal Oficial e ter tempo para ver? Vivemos. Vivemos numa dependência extrema dos apoios do Governo para associações, de todo o tipo e sector, para clubes, de todas as modalidades, para jornais sob diferentes rubricas, para tudo quanto é iniciativa? Vivemos. Vivemos com uma pobreza dos sem abrigo, a quem procuramos integrar na sociedade com casa e emprego e depois temos pobreza com abrigo mas "desabrigada" de todas as condições de vida com dignidade, além dos pobres do ordenado mínimo e dos outros da classe média mínima que estão a atravessar as suas maiores crises da vida com dificuldades para segurarem as casas e para quem não há apoios porque "ganham muito"? Vivemos, claro que vivemos.

Não é um retrato catastrófico, mas é um retrato sem grande futuro. Acho mesmo que a Região nunca viveu sem ser num forte enquadramento assistencialista. E nem de propósito, porque já tinha pensado elaborar este escrito quando vi, um dia destes, o Dr. Alberto João Jardim discorrer um texto, no Facebook, que naturalmente tem um cunho político partidário que o Dr. Jardim não consegue "despir", com exceção dos momentos em que lança aqueles recados para alguns que "assaltaram" o PSD nas costas da liderança seguinte.

O antigo presidente do Governo traz o Papa à "conversa" para definir questões inquestionáveis do ponto de vista dos princípios e daquilo que deve nortear a vida das pessoas e das sociedades. Que nunca conseguem ser assim e nem no tempo do Dr. Jardim foi assim. Pode ser mais ou menos, pode ser mais ou menos camuflado, mas o objetivo é o mesmo. O Dr. Jardim fez dívida e fez gala disso, o Dr Albuquerque faz dívida, já deve andar pelos números considerados escandalosos, sem se dar por isso. São estratégias, mas esta agora é mais "inteligente".

Mas o Dr. Jardim escreveu: "Sobretudo aos Partidos políticos compra-votos, reproduzo o Papa Francisco (8 OUT): “O desenvolvimento é inclusivo ou não é desenvolvimento (...) A pobreza não se combate com o assistencialismo, não! Ele a anestesia,mas não a combate (...).”

“Ajudar os pobres com dinheiro deve ser sempre remédio temporário para enfrentar as emergências, mas o objetivo verdadeiro deve ser permitir-lhes uma vida digna através do TRABALHO. A PORTA PARA A DIGNIDADE DE UM HOMEM É O TRABALHO“.

Trata-se de um texto intocável do ponto de vista dos princípios. É mais do que óbvio que a porta para o trabalho de um homem é o trabalho. Como também há trabalho, nem queira o Dr. Jardim quanto, que tira a dignidade das pessoas a pretexto da crise, da necessidade de emprego e da falta de caráter de muito empresário e segundas linhas "mais papistas do que o papa". Tem razão o Papa: “O desenvolvimento é inclusivo ou não é desenvolvimento". Então, não é desenvolvimento o que estamos a ver. E não tem nada a ver com partidos, tem a ver com modelos de desenvolvimento assentes no assistencialismo. Essa coisa do compra votos é um "barrete" de tamanho único, serve a todos e é nessa base que os partidos se perpetuam no poder. Como vários "documentos juntos".

Não vale a pena "taparmos o sol com uma peneura". Se não fosse o assistencialismo, isto era uma desgraça do ponto de vista social. Pior do que já é. Pode e deve ser diferente? Pode. Mas é preciso coragem e menos campanha eleitoral.

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