Ex-deputado para Albuquerque: "Ser leal é dizer ao rei que está desnudo"
- Henrique Correia
- 9 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Carlos Rodrigues: "Estamos dispostos a seguir esta via suicidária, estamos dispostos a seguir um qualquer flautista de Hamelin, estamos dispostos a fazer parte da vara de porcos para onde os demónios foram enviados e que se precipitou no abismo?"

O ex-deputado social democrata Carlos Rodrigues não poupou nas palavras críticas ao PSD-M e à liderança do partido depois do chumbo do Orçamento Regional e a poucos dias da discussão e votação da moção de censura que provavelmente vai provocar a queda do Governo de Miguel Albuquerque. Foi num escrito publicado no Facebook que o antigo parlamentar foi claro a contrariar uma tese, muito corporativa e de "partidarite cega" assente no princípio de não criticar o líder, nunca, uma espécie de lealdade ilimitada aconteça o que acontecer: "Ser leal não é ser sabujo. Ser leal é dizer ao rei que está desnudo.
O momento é grave. Grave para o PSD que se mostra um ninho de gatos, uma nau sem rumo, um covil de amedrontados. Grave para todos nós, madeirenses que estamos perante um cenário de terra queimada. Uma terra em que o principal partido se fragmenta e em que a oposição é um amontoado de desqualificados movidos a ódio e incompetência".
Carlos Rodrigues diz que "o PSD Madeira perdeu esta batalha. Segue-se a moção de censura. Se perdermos essa batalha, vamos a eleições. Se isso acontecer e mantivermos, internamente, tudo como está, perderemos essa derradeira batalha e, consequentemente, a guerra. Este PSD estará, finalmente derrotado. A pergunta que se impõe é a seguinte: estamos dispostos a seguir esta via suicidária, estamos dispostos a seguir um qualquer flautista de Hamelin, estamos dispostos a fazer parte da vara de porcos para onde os demónios foram enviados e que se precipitou no abismo?".
Refere o ex-deputado "laranja": "Meus caros companheiros, ainda hoje disseram-me que quando temos um líder eleito lhe devemos total fidelidade e lealdade, independentemente do que aconteça.
Primeiro, tudo o que tenho dito nada tem de pessoal, nutro pelo Miguel a maior das simpatias, apoiei-o, considero-o carismático, inteligente, simpático e mobilizador. Mas, como já afirmei, tudo tem um princípio, um meio e um fim. Não há liderança que perdure, especialmente quando se alicerça em fidelidade canina em detrimento da lealdade frontal e sincera.
A lealdade é sempre biunívoca e quando um dos lados rompe com esse princípio ela deixa de fazer sentido, quando um dos lados impõe sem justificar, exige sem merecer, tudo se acaba".
De estóicos e valentes a apáticos e amedrontados, é nisso que nos estamos a tornar".
E questiona: "Caramba, que região deixaremos aos nossos filhos ? Que legado ficará ? Que herança ? Não falo de riqueza material, falo de valores, princípios, exemplos, daquilo que forma e constrói uma identidade, de honra, de memória, de marca indelével que o tempo não apaga. A obra pode ser destruída, de um momento para o outro, por um fenómeno natural qualquer, a identidade e a natureza de um povo, jamais.
Homessa, tudo isto está a ficar insuportável. Resta saber se deixar-nos-emos arrastar até ao fundo ou se seremos capazes de inverter o rumo da situação".
Comments