Ex-vereadora do CDS indignada com SESARAM faz denúncia pública
- Henrique Correia
- 16 de dez. de 2023
- 3 min de leitura
Sara Madalena passou um "calvário" na assistência hospitalar pública à sua mãe, recorreu depois aos serviços privados e promete: "Farei tudo o que estiver ao meu alcance para repor alguma justiça!"

Sara Madalena é advogada e já foi vereadora do CDS na Ponta do Sol, entrou em rota de colisão com o líder centrista Rui Barreto devido a diferenças de posições sobre a coligação com o PSD, e manteve-se firme, é de convicções e não é de ficar calada perante realidades que considera que estão a lesar a justiça e o serviço público. É como que uma "imagem de marca".
Esta sexta-feira, no Facebook, expôs um relato grave sobre um episódio passado no processo de assistência da sua mãe, vítima de atropelamento numa passadeira, que no Hospital Dr. Nélio Mendonça viveu momentos verdadeiramente de pesadelo em função das situações anómalas ocorridas no tratamento, , na falta de camas e nas falhas ainda existentes, no sistema informativo do SESARAM, vítima de recente ciberataque, "patologias" nos serviços hospitalares que persistem com reflexos na prestação de assistência aos utentes. Nem todos são alvo destes problemas, o serviço nem sempre corre mal, mas este caso é de referência para servir de alerta para todos, funcionários, profissionais médicos e de enfermagem, direção clínica, administração do SESARAM e tutela política.
Sara Madalena expõe o episódio ocorrido a 11 de março: "... A minha mãe, durante horas, fez exames e aguardou, foi enviada da cirurgia para a ortopedia, mas o tal sistema informático que ora está bom ora está mau, não deu indicação desse envio e ficamos 6 horas no corredor à espera de nada… vomitou, ninguém limpou a não ser eu. Tinha dores eu fazia o que podia porque a minha formação é em Direito, não saúde. Quando nos apercebemos do lapso a minha mãe foi encaminhada para a ortopedia onde lhe engessaram a perna partida em dois lugares, mas como teria de repetir uma tac ao cérebro, ficou num compartimento chamado “contentor” sem medicação para dores, sem a sua própria e imprescindível medicação, visto ser cardíaca sensível, ao frio e com vista para a sanita que homens e mulheres usavam para vomitar, urinar e defecar, sem fechar a porta. Na terça, por volta das 14 horas, recebi um SMS informando que a minha mãe seria internada no 6 andar, poente....Às 17:30 recebo uma chamada da minha mãe a informar que tinha subido ao 6 andar, mas que tinha regressado ao piso zero por… FALTA DE CAMAS. Estava novamente no acrescento de placas de fibra como paredes, sem medicação e sem atenção, como tantos outros. Os enfermeiros e médicos não estavam para nos aturar, nem a nós, nem aos demais.
Foi quando atingi o meu limite, já com o saco da roupas que ia entregar quando fosse internada, liguei ao Dr Miguel Jorge Silva, diretor do Hospital da Luz e pedi encarecidamente que recebessem a minha mãe ainda nessa noite, assim foi… Ainda não tinha chegado às urgências já a ambulância estava a tratar da sua transferência. O porteiro não me deixou entrar para lhe dar roupa, quem me ajudou foi o senhor do gabinete de apoio à família, a quem agradeço. Em menos duma hora a minha mãe estava internada no Hospital da Luz, com sangue colhido para análises, injeções anti-trombose na barriga, tensão medida, analgésicos indo venosos, soro e, sobretudo, dignidade. Ja foi operada pelo Dr Paulo Sales, indicado pelo Dr Miguel e, se Deus quiser, embora longa, a recuperação será total.
Como é possível isto acontecer??? Quo vadis saúde pública??? Não é a primeira vez, já passamos calvário idêntico com o meu pai, quando ficou paraplégico, mas desta vez, quase vinte anos depois, não ficarei calada, muito menos de braços cruzados. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para repor alguma justiça!"
Perante este e outros casos, e independentemente do reconhecido empenho dos profissionais de Saúde, cuja maioria se reconhece, a verdade é que situações como as denunciadas por Sara Madalena, revelam a necessidade de reiterar a defesa da melhoria da prestação de assistência, sob vários pontos de vista que não somente clínicos, mas também humanos e de defesa da dignidade do utente.
E se fosse um utente impossibilitado de recorrer ao serviço de saúde privado?
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