Henrique Correia
Governo pode intervir na escarpa para dar segurança à pista de Karting
Funcionamento da pista no Porto Santo e concessão do Penedo do Sono "aceleram" a necessidade de intervir numa situação de risco que já há muito é do conhecimento das entidades regionais e locais

Foto Arquivo (agosto de 2022).
A escarpa sobranceira à pista de karting do Porto Santo tem sido motivo de análise por parte das entidades regionais, sendo que a entrada em atividade da pista fez retomar o debate sobre o assunto e a preocupação cresce a cada dia que passa pelo facto de constituir um risco iminente que pode colocar em causa aquele negócio.
A propriedade do espaço recentemente recuperado para a exploração da pista é de uma empresa privada, a Pico de Baixo Penedo Investimentos Imobiliários, do grupo Sousa, o único espaço que não é público numa zona onde se situa o Penedo do Sono e os campos de Voleibol de Praia, da Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo, construídos ao tempo do vice presidente do Governo Cunha e Silva e depois deixados ao abandono. O Penedo do Sono foi há pouco tempo concessionado à empresa JEM&Co liderada pela filha de Luís Miguel Sousa, empresário que, como se sabe, tem vários interesses de negócio no Porto Santo desde a exploração da linha marítima até à hotelaria e ao imobiliário.
A empresa de Rebecca Mankinen Sousa foi criada em 2022 e tem ainda como sócio o sobrinho do empresário João Marques. Foi a única concorrente e a concessão da SDPS foi atribuída por 15 anos, pelo valor de 301.200 euros, com uma renda mensal de 100 euros mais IVA durante os primeiros três anos, passando a 1000 euros mais IVA entre o 4.º e o 6º anos e no restante dos 15 anos passa a 3560 euros mais IVA.
Neste enquadramento de negócio em curso, o grupo Sousa decidiu retomar a pista de karting e depois de uma rápida intervenção abriu ao público desde a Páscoa deste ano, constituindo uma nova oferta de diversão na ilha dourada, uma vez que a pista não está homologada para competição. Mas reabilitou o espaço para uma importante fonte de receita num contexto em que ocorrerá um investimento familiar com uma unidade de alojamento partilhado em co-working.
Claro que com esta concessão que vai "acordar" o Penedo do Sono e a entrada em funcionamento da pista trouxeram para elevados picos de alerta a situação da escarpa sobranceira, com atenção muito especial para os riscos precisamente para a pista. E as entidades, regionais e locais, já têm conhecimento da situação, o LREC terá feito inclusive uma abordagem, sendo muito natural, atendendo aos riscos, que o Governo avance para obras de consolidação através da Secretaria dos Equipamentos e Infraestruturas com o apoio de recheios. Para dar segurança ao privado, é preciso o poder público avançar com a obra, desconhecendo-se se terá sido feita alguma avaliação por forma a "licenciar" o funcionamento da pista à luz das avaliações das entidades. Presume-se que a pista está a funcionar dentro dos parâmetros de segurança, não obstante a necessidade de ser feita a intervenção na escarpa como reabilitação da zona pública circundante.