Iglesias "lança" Cafôfo para cabeça-de-lista à Assembleia da República
- Henrique Correia
- 21 de nov. de 2023
- 2 min de leitura
Cafôfo ir em cabeça-de-lista de lista é o mais natural, sabe das dificuldades mas a confiança deve começar pelo líder mesmo correndo todos os riscos de levar o seu primeiro desafio a números inferiores aos três deputados.

Ainda não foi a eleições no PS Madeira, vai a votos a 2 de dezembro, mas Paulo Cafôfo já pode colocar na agenda que daqui a sensivelmente quatro meses, a 10 de março, deverá ser o cabeça-de-lista da candidatura socialista à Assembleia da República. Esta é a opinião do seu "número dois" Miguel Iglesias, emitida no programa Ordem do Dia, na RTP Madeira.
Iglesias acha "natural" que a Comissão Política indique Cafôfo e coloca-se, também ele, disponível para integrar essa mesma lista, sendo que já parte dos três deputados do PS Madeira no Parlamento nacional.
Esta posição de Iglesias surge num contexto de dificuldades da estrutura regional do partido, acaba de sair de eleições regionais desastrosas que delapidaram o capital conseguido em 2019 precisamente por Paulo Cafôfo, ainda que na sequência de um momento que será muito difícil de repetir se o PS não conseguir uma onda de apoio que reuniu na altura e que foi muito além da sua esfera partidária. Com a dispersão de votos ocorrida nas últimas Regionais, o PS acabou por ir ao fundo e será preciso muito trabalho para voltar aos números anteriores, será preciso um trabalho hercúleo para subir aos patamares de vitória e, simultaneamente, aguardar que o desgaste visivel na votação do PSD possa ser maior nos desafios futuros. Este é o cenário que servirá ao PS-M, mas é preciso construir essa alternativa.
As eleições legislativas nacionais antecipadas não surgem no melhor momento para Paulo Cafôfo, uma vez que o Partido Socialista sofreu um desgaste muito grande na República, apesar de resistir nas sondagens em função da fraca oposição do PSD, mas também porque vai defender um bom resultado do PS Madeira quando empatou, em mandatos, a representação ba Assembleia da República. E não é bom um novo líder começar com um mau resultado.
Mas o que diz Miguel Iglesias é verdade. Cafôfo ir em cabeça-de-lista de lista é o mais natural, sabe das dificuldades mas a confiança deve começar pelo líder mesmo correndo todos os riscos de levar o seu primeiro desafio a números inferiores aos três deputados.
Cafôfo não tem outra solução. Se assume a liderança com cunho de vitória para mudar a Madeira, deve ser a "cara" da candidatura para dar dimensão ao projeto. Dificilmente os socialistas entenderiam outra opção num momento em que o mais fácil seria escapar a esta fase em que o PS Madeira está no "chão".
Dada a proximidade de Iglesias a Cafôfo, ligação que internamente também se revelou com algumas dificuldades de aceitação e não foi pacífica em alguns sectores do partido, não é difícil prever que este próximo e primeiro desafio de Cafôfo, neste novo ciclo, será assumido pelo próprio candidatando-se em número um. Outra solução seria mal entendida por parte do PS Madeira.
Quando se quer mobilizar para a vitória e acredita no projeto, ir à frente é a melhor mensagem de credibilidade e responsabilidade. E nessas circunstâncias, o ónus de uma eventual derrota será menor. Porque deu o "peito às balas".
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