Representação da República foi ao encerramento do Congresso dos Professores da Madeira dizer: "Uma sociedade que não valoriza e não acarinha os seus professores é uma sociedade ingrata e inculta".

O Representante da República foi ao encerramento do Congresso dos Professores da Madeira defender um "pacto de regime" entre Região e República nas questões "em que se vê mais intensamente o nervo da soberania nacional, os problemas da educação em Portugal".
Ireneu Barreto justifica que "se estamos a discutir o futuro, não se compreende outro percurso que não o de acordos políticos alargados, assumindo compromissos que contribuam para o sucesso do nosso País.
Uma sociedade que não valoriza e não acarinha os seus professores é uma sociedade ingrata e inculta porque revela não perceber a importância do futuro".
Esta posição do Representante surge num contexto de alguma tensão entre Região e República resultante de posições recentes do ministro da Educação sobre as disparidades existentes, na Região, em que houve progressos, e no continente, em que o processo está mais atrasado. O ministro, de forma imprudente, disse que a Madeira tem dinheiro para a progressão nas carreiras mas o Estado é quem paga as reformas. João Costa disse isto: o salário mensal é pago pelo orçamento regional, mas “a pensão é paga pelo Orçamento do Estado do Governo da República”. Talvez o pacto de regime a que se refere Ireneu possa, de algum modo, resolver estas diferenças institucionais.
Nesta intervenção, sem se referir a este caso específico, Ireneu Barreto lembrou que tem uma atenção especial à posição do Sindicato dos Professores, fazendo alusão à promulgação do decreto legislativo regional da recuperação do tempo de serviço prestado em funções docentes, em Dezembro de 2018.
"Naturalmente, essas pronúncias não podem deixar de ser tidas em conta quando a lei as exige no âmbito do processo legislativo.
Mas não se trata apenas de um aspeto formal. Trata-se, sobretudo, de valorizar a opinião dos professores tanto em aspetos que tocam o âmago das suas carreiras profissionais, como noutras matérias para as quais podem trazer um inestimável conteúdo em razão da sua experiência quotidiana".
O Representante saúda o tema do congresso – Haverá futuro para a educação sem o rejuvenescimento da classe docente? – "justamente porque ele reflete algo que é inegável – a dificuldade de renovação do corpo docente a médio e longo prazo e a ameaça que daí decorre".
Afirma ser esta "uma questão muito séria que perturba os professores, mas que também afeta a relação com os alunos em razão do desaparecimento de faixas etárias intermédias, entre alunos e professores, que tão importante é para assegurar continuidades culturais e geracionais.
Urge tornar esta profissão mais atrativa, modernizando o contexto do seu exercício.
É justo reconhecer que a situação na Madeira diverge da nacional, no equipamento das escolas, na dimensão das turmas ou na progressão da carreira".
Ireneu Barreto focou, ainda, ter registado "com agrado o compromisso assumido da redução da componente letiva dos professores com mais de sessenta anos nos níveis de ensino que ainda dela não beneficiam. É essencial que se estude um modo de compensação para estes docentes, que sofrem um desgaste muito mais acentuado até por lecionarem níveis de escolaridade, particularmente desafiantes, tendo a nobre responsabilidade de iniciar a aprendizagem".
Mas o Representante acrescenta: "A batalha pela dignidade da carreira dos professores, porém, não é a única que importa travar no âmbito escolar. Temos tido também notícia de muitas situações de burnout, tanto de professores como de alunos, como este Congresso, aliás, sublinha. Os números são alarmantes. Isto é tão preocupante como inaceitável. Sendo a escola um lugar de aprendizagem e de ensino, o stress não pode estar entre as suas tónicas ou características".
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