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Já podem começar a fazer o relatório da comissão de inquérito

Foto do escritor: Henrique CorreiaHenrique Correia

Qual é o empresário, com atividade na Madeira, que vai admitir pressões e favorecimentos? Qual é o político com funções governativas, ou com ligações ao Governo, que vai ao Parlamento dizer que o Governo favorece empresários e empresas e que houve uma única obra "inventada"?




Se alguém no seu perfeito juizo pensa que a comissão parlamentar de inquérito sobre as declarações do antigo secretário regional e ex-deputado na República Sérgio Marques apontando obras "inventadas" no "seu" PSD e denunciando um clima de favorecimentos a grupos privados, designadamente da construção, vai resultar numa confirmação sobre pressões e benesses, é melhor ir perdendo a esperança e com o devido respeito pelo trabalho dos deputados, já podem ir fazendo o relatório e até podemos imaginar a dialética da coisa.

As comissões de inquérito valem o que valem, claro que os deputados vão recolher vários depoimentos, vão fazer perguntas e vão ter respostas. Em primeiro lugar, qual é o empresário, com atividade na Madeira, que vai admitir pressões e favorecimentos? Qual é o político com funções governativas, ou com ligações ao Governo, que vai ao Parlamento dizer que o Governo favorece empresários e empresas e que houve uma obra "inventada"? Quem promoveu obras, desde sempre, nunca diz que foram mal feitas, que custaram mais do que deviam porque era para fazer à pressa e o povo pagava o interesse eleitoral da política e não entrava o interesse comunitário e a boa gestão de dinheiros públicos. Até o Dr. Jardim diz que a Marina do Lugar de Baixo, comprovadamente uma má opção, foi vem feita. Se fosse para uma comissão de inquérito dizer isso, passava com distinção no relatório. Passava o Dr. Jardim e passava a conclusão de que, afinal, foi bem feita. E pronto, não se fala mais nisso.

Sabe-se que já há uma ideia geral dos potenciais envolvidos nas audições para que prevaleça uma tónica comum no sentido de que nunca houve qualquer favorecimento a empresas, que os ajustes diretos foram todos legalmente diretos, até podiam ser jeitinhos, mas eram jeitinhos legais e direutos aos diretos propósitos de quem faz e de quem manda. E também ninguém fez qualquer pressão para Sérgio Marques sair, como ele próprio, Sérgio Marques, também nunca na vida pressionou quem quer que seja para nada, faz parte dos políticos que podem acompanhar o Pai Natal que a gente acredita. E Miguel Albuquerque, como já disse, demitiu Sérgio Marques porque é ele que decide e a decisão foi isolada mas exclusivamente sua. Claro que os empresários, sabe-se disso, andavam de cabelos em pé porque tinham que lidar com um secretário anti-betão, que andava a emperrar processos e assim, como dizia o povo, antigamente, "nem o pai almoça nem a gente ceia". E vai daí, saiu Sérgio Marques. Mas, claro, está correto: a decisão foi de Miguel Albuquerque. Sem pressões, como certamente vai concluir o relatório

Falta saber o que vai dizer Sérgio Marques. Falta saber, é como quem diz, também não vai para lá dizer coisas concretas quando já disse, publicamente, que as declarações foram resultado de um abuso de confiança do jornalista do DN Lisboa, pensava que estava no meio regional onde a confiança é da boa. Como se o problema fosse o off e não o que disse mesmo. Mas mesmo assim, tentou emendar e disse que se referia, não à atualidade, nem sequer ao tempo de Albuquerque, mas mais para trás, do tempo de Jardim provavelmente (com quem Sérgio Marques mantém um diferendo relacionado com o lugar nas Europeias) e as obras "inventadas" não passavam de uma forma de expressão para falar de prioridades. Por isso, não pode ir para a comissão dizer diferente para perder toda a credibilidade. A menos que haja algum "ajuste de contas". E o resto? E as provas? Além de que quem atira pedras ao telhado do vizinho, não pode ter telhado de vidro. Não quer dizer que tenha.

 
 

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