Não falamos em corrupção, são ajudas, não falamos de pressão direta, apenas concessões de bons princípios para quem dá e um descomprometimento comprometido de quem recebe.
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O Dr. Jardim escreve, às vezes, de uma forma crítica sobre a governação nacional e sobre as políticas adotadas no País, e sempre o fez mesmo quando os governos eram do PSD, como se na Região a realidade do que retrata fosse muito diferente, em determinadas matérias cujo expediente tem a ver com o modo como se exerce o poder e não com quem exerce esse poder.
Ou seja, em política, há automatismos estratégicos transversais a ideologias (que na prática já nem existem e só têm defesa nos que sabem que nunca vão governar), que abrangem os poderes nacional, regional e local, invariavelmente com uma argumentação muito semelhante, evitar burocracias, acelerar processos, ajudar pessoas, empresas, associações, grupos, tudo o que pode deitar mão para ir criando grupos de influência nos respetivos nichos de ação tendo em vista, indiretamente, o benefício eleitoral do poder. Não falamos em corrupção, são ajudas, não falamos de pressão direta, apenas concessões de bons princípios para quem dá e um descomprometimento comprometido de quem recebe.
O Dr. Jardim escreveu no JM o que, na essência, é verdade. Concordo com a crítica da subsidiodependência, tudo à espera de um apoio qualquer, alimentando uma precariedade de emprego para alimentar dependências, não sendo por acaso que tanto os políticos como os empresários querem empregados mas não querem estabilidade de emprego, querem trabalhadores, não querem pessoas com vidas, com tempos, com projetos. E depois, vem as bandeiras da redução do desemprego, nunca esteve tão baixo, com mais de metade do mercado de trabalho a ser precário e sendo precário fica dependente. Curioso que a defesa da precariedade e do nivelamento por baixo, do princípio que é melhor 600 do que nada, está em contraciclo com os Bancos e outros serviços onde ser precário é um risco para o que é considerado elementar: o direito à habitação. Afinal, ser precário é bom menos quando os jovens vão pedir empréstimos para construírem a vida.
Mas vamos ao que escreveu Jardim no JM:
"Hoje, infelizmente, distorce-se o Estado Social, transformando-o num Estado assistencialista onde se compra o voto; os que trabalham pagam os que podem, mas não querem trabalhar; cada vez mais a Produtividade é menor, como é menor a exigência de ESTUDAR e vai-se ao ponto de procurar eternizar a precariedade laboral e a pobreza, para de aqui resultar dependência política!
E, em eleições, é este “bacalhau a pataco” que desgraçou a Monarquia Constitucional e a República de 1910, com as “promessas” e a distribuição de dinheiro para aqui, para acolá, para estes e para aqueles. Em vez de se comprometerem com a edificação necessária dos meios que, no futuro, sustentarão mais Desenvolvimento Integral, mais Empregos, mais Produtividade, melhores Salários, Direito à Habitação, melhor Educação e Saúde, mais garantias à Terceira Idade.
E, indispensável a tudo isto, MAIS AUTONOMIA PARA A MADEIRA E NEGOCIAÇÃO DAS GRANDES QUESTÕES PENDENTES que, inexplicavelmente - ou talvez não… - andam ocultadas… por todos!…
Os dois MITOS, o da “igualdade” e do “bacalhau a pataco”, iam destruindo Portugal.
A Constituição de 1976, ainda nos tem, vulneráveis.
Ao menos, que a MADEIRA NÃO SE DEIXE DESTRUIR!
Muito bem, Dr. Jardim. Mas não terá sido sempre assim nos poderes em Portugal?
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